Liberando castores para restaurar ecossistemas e combater a crise climática

Há centenas de anos os castores fazem parte da cultura popular e, em certos casos, influíram bastante no desenvolvimento de sociedades humanas. Um exemplo disto foi sua importância na colonização da América do Norte, já que a busca por suas peles foi um dos fatores que promoveram a exploração e o posterior desenvolvimento econômico, devido ao valor comercial de suas peles e de outros produtos obtidos deles, como o castóreo. Também é um elemento representativo da cultura canadense, a tal ponto que é o animal-símbolo nacional do Canadá.

Mas há algo a mais que o mundo precisa saber sobre estes grandes roedores semiaquáticos. Algo que as comunidades indígenas, fazendeiros e aqueles que vivem perto da terra sabem há gerações: o papel importante que os castores desempenham na manutenção de ecossistemas saudáveis. Eles são verdadeiros engenheiros ambientais.

Mais e mais cientistas experimentam e reúnem dados sobre o quão essenciais esses animais são. Por meio de suas ações, o castor (e os humanos imitando suas ações) podem ajudar a restaurar ecossistemas fluviais, melhorar a resiliência a incêndios florestais, trazer peixes e outros animais de volta aos habitats e combater a seca.

O castor poderia desempenhar um plano de ação climática porque as planícies aluviais conectadas armazenam água, armazenam carbono, melhoram a qualidade da água, melhoram a resiliência a incêndios florestais e o animal desempenha um papel enorme no controle da dinâmica desses sistemas. Pode parecer banal falar sobre um plano de ação climática baseada em roedores. Mas devemos pelo menos tentar imitar o que eles fazem.

O vídeo acima fornece uma ótima visão geral sobre o que estamos aprendendo sobre como os castores restauram ecossistemas. Por exemplo, o leito de um rio seco na Califórnia, alterado por décadas de uso agrícola, parecia um risco de incêndio florestal iminente e as autoridades locais decidiram usar castores para revitalizar seu leito. Ele voltou à vida muito mais rápido do que o previsto, depois que os castores começaram a construir represas que retêm água por mais tempo.

- "Foi uma loucura, foi incrível", disse Lynnette Batt, a diretora de um órgão ambiental a frente da iniciativa. - "Passou de pastagem seca para totalmente revegetada, árvores surgindo, salgueiros, plantas de pântanos de todos os tipos, diferentes canais de córregos sinuosos em cerca de 250 mil metros quadrados de planície de inundação", disse ela.

Só para que se tenha uma ideia, este projeto custou cerca de US $ 58.000, que foi usado para preparar o local para os castores fazerem seu trabalho. Em comparação, um projeto de restauração tradicional usando equipamento pesado em toda aquela extensão de terreno poderia custar quase 2 milhões.