'Leilão do século': ninguém ofereceu lance pelo palácio com o mural de Caravaggio

O leilão da residência romana dos príncipes Ludovisi Boncompagni, com um excepcional mural de Caravaggio, foi declarada deserta. Ninguém participou do leilão, assegurou Camilo Verde, escrivão encarregado, que precisou que o próximo leilão acontecerá em 7 de abril e partirá de um valor reduzido em pelo menos 20%. O monumental Casino da Aurora, mais conhecido como Villa Ludovisi, um imponente palácio de 2.800 metros quadrados, com seis andares e um suntuoso jardim, localizado no coração de Roma, a poucos de passos da célebre Via Veneto, se encontra em um dos setores mais elegantes da capital.

A residência campestre de uma das famílias aristocráticas mais ricas e poderosas de Itália conserva além do Caravaggio, afrescos de Guercino, reconhecido pintor barroco da Bolonha, bem como antigas estátuas, entre elas uma de Michelangelo.

Estimava-se que o Casino da Aurora, uma verdadeira jóia do barroco romano, tinha um valor de 471 milhões de euros (quase 3 bilhões de reais), mas essa estimativa baixou a 376 milhões de euros (2,3 bilhões de reais) para o próximo leilão.

Mesmo assim, se a residência foi vendida com um preço próximo ao fixado como início pelo leilão, seria uma das vendas de bens raízes registradas publicamente mais caras da história.

O leilão foi decidido por um tribunal de Roma para pôr fim às disputas entre os herdeiros do príncipe Niccolo Ludovisi Boncompagni, quem faleceu em 2018 aos 77 anos.

O confronto familiar entre a terceira esposa do príncipe, Rita Jenrette Boncompagni Ludovisi, uma americana de 72 anos que posou para a Playboy, e os filhos nascidos do primeiro casamento, obrigou os juízes a leiloar a casa já que ninguém podia fazer frente à hipoteca pelas altas despesas de manutenção.

Uma petição lançada pela página change.org arrecadou mais de 50 mil assinaturas para pedir que o Estado intervenha. Os assinantes pedem que Itália exerça seu direito de compra e convertam o lugar em um museu e centro cultural.

Segundo a lei italiana, o governo pode exercer seu direito só após que tenha sido efetivamente adquirida por um particular, dentro de um prazo de 60 dias da conclusão da venda e oferecendo o mesmo preço de compra.