Enquanto muitas pessoas no Panamá estavam em casa passando o tempo durante a pandemia, cinco crianças estavam atirando pedras nas árvores com um estilingue. Elas queriam se desafiar, então estavam mirando em árvores de embaúba (Cecropia) em particular. Uma das crianças mirou em suas folhas largas e planas, mas em vez disso atingiu o caule, deixando um buraco aberto, de um lado para o outro. Ocorreu que William Wcislo, um entomologista do Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian e pai de duas das crianças, estava estudando exatamente essa árvore. |
Ao ver o rombo ele pensou que ela tivesse sofrido danos irreparáveis, mas quando voltou mais tarde, teve uma surpresa. Os buracos foram remendados. Como assim? Uma inspeção mais detalhada revelou quem foi o responsável: Azteca alfari, pequenas formigas cor de areia conhecidas por ter um relacionamento mutualista e por construir ninhos dentro da embaúba.
William viu como elas invadiram o local da lesão, reuniram pequenos pedaços de plantas fibrosas de dentro do caule, combinaram com uma substância semelhante a seiva e rapidamente começaram a fechar o buraco.
Os cientistas já sabiam que as formigas-aztecas vivem em uma estreita relação simbiótica com a cecropia: as árvores têm caules ocos nos quais os insetos constroem ninhos complexos e de vários andares. Em troca, as formigas afastam lagartas, pássaros e outros herbívoros que gostam de comer frutas, folhas e flores.
No entanto, o que William e as crianças observaram, que acabou sendo replicado e publicado em um estudo recente no Journal of Hymenoptera Research, foi a primeira vez que as formigas foram vistas realmente reparando danos em sua casa.
Para determinar se esse comportamento se estendia além da primeira e infeliz árvore-alvo, a equipe decidiu realizar um experimento em 22 pequenas embaúbas que crescem na borda do Bosque Urbano de Cárdenas, uma floresta tropical no Panamá. O método deles era simples: eles fizeram buracos nas árvores e esperaram.
William e sua equipe descobriram que em cerca de metade das árvores as formigas-de-embaúba correram para o local da ferida e começaram a costurar os buracos. Em algumas horas, os buracos diminuíram visivelmente. Após 24 horas, o diâmetro dos buracos era quase metade do que era originalmente. E isso foi apenas em média. Em quatro das árvores, os buracos foram remendados completamente
Quando os buracos foram perfurados perto ou dentro do ninho dentro do caule, as formigas entraram em ação, primeiro evacuando suas ninhadas para câmaras próximas. Então geralmente trabalhavam em grupos de cerca de 10, tanto de dentro quanto de fora, usando pedaços de plantas fibrosas e a substância pegajosa.
Parece claro que remendar os buracos ajuda as formigas. Suas ninhadas imaturas e vulneráveis estariam em risco de predação ou doença se fossem expostas. Mas é menos claro se a árvore se beneficia também, já que as embaúbas curam naturalmente suas próprias feridas ao longo do tempo.
A equipe de William planeja aprofundar nessa interação íntima e natural. Em particular, eles querem testar se as formigas realmente estão secretando produtos químicos antimicrobianos que protegem ainda mais a árvore, por exemplo, se houver micróbios dentro da formiga que estão ajudando a planta, como um elo de três vias de organismos, seria mais um exemplo incrível de como os ecossistemas complexos e multicamadas podem ser.
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