Impressionante complexo megalítico da Sardenha, Su Nuraxi, foi construído no século XVII a.C.

A cultura nuráguica da Sardenha, a grande ilha italiana no mar Mediterrâneo, desenvolveu-se no local (e também na vizinha Córsega) a partir da Idade do Bronze, nos anos 1700 a.C., e perdurou até a conquista romana em 238 a.C. Ela empresta seu nome precisamente dos nuragues, as principais estruturas megalíticas levantadas por dita cultura, pois desconhecemos como se denominavam a si mesmos. Os nuragues, que não têm paralelo em nenhum outro lugar do mundo, são edifícios construídos em pedra com forma de torre troncocônica, parecidas às torres medievais, em que se aplica o princípio da falsa cúpula.

Não têm alicerces e alguns atingem os 20 metros de altura e várias toneladas, se sustentando pelo próprio peso das pedras. Constam de um corredor primeiramente que conduz à câmara principal, onde uma escada de pedra em espiral leva aos andares superiores -quando existem- ou a um terraço aberto. Nos mais complexos os corredores têm dois níveis e atingem os 27 metros de comprimento.

Foram encontrados mais de 7.000 nuragues construídos entre 1900 e 730 a.C., que constituem, segundo alguns especialistas, o conjunto de arquitetura mais avançada da época no Mediterrâneo ocidental. Mas ninguém sabe muito bem que função desempenhavam. Muitos estão situados em lugares estratégicos, como colinas e promontórios, o que faz pensar que podem ter sido fortalezas, residências de governantes, templos, moradias ou talvez uma combinação de todas estas coisas.

Pesquisadores que mediram em 2002 as declinações e azimutes da entrada de 272 nuragues, descobriram que os alinhamentos se mantinham constantes ao longo da história entre -43º e -45º, sugerindo que podem estar orientados à estrela Alfa Centauri.

De todos os nuragues o mais impressionante é o chamado Su Nuraxi, situado no município de Barumini, a uns 50 quilômetros ao norte da capital Cagliari, e a 238 metros de altitude.

O complexo foi construído entre os séculos XVII e VI a.C., evoluindo desde uma torre central de blocos de basalto com três câmaras superpostas que atinge os 18,6 metros de altura. Uma escada construída entre os muros da torre dá acesso aos andares superiores. No final da Idade do Bronze -no século XIII a.C.- acrescentaram outras quatro torres, formando uma estrutura quadrilobulado, e unidas por um muro.

A entrada a este bastião, situado na área sudeste, dava acesso a um pátio em forma de semilua e dotado de um poço, que ligava as áreas das quatro torres. Estas se compunham de duas câmaras superpostas que não se comunicavam entre si. Durante a Idade de Ferro rodeou-se todo o complexo por um muro exterior de 3 metros de espessura com outras 7 torres, lhe dando um aspecto heptalobulado.

Em torno de Su Nuraxi estabeleceu-se durante a Idade de Bronze um povoado de cabanas, cuja população oscilava entre 100 e 1.000 pessoas, feitas em forma circular com grandes cantos arredondados cobertos com muros de pedra e tetos cônicos de madeira e galhos.

No século IX a.C. construíram inclusive um sistema de esgoto, uma praça e ruas pavimentadas. Todo o lugar ficou destruído no século VI a.C., até que chegaram os cartagineses e o restauraram.

Depois da conquista romana da ilha no século II a.C. a maioria de nuragues deixaram de ser usados. Não obstante em Su Nuraxi existem evidências de que o lugar permaneceu habitado pelo menos até o século III d.C.

Su Nuraxi foi escavado por seu descobridor, o arqueólogo Giovanni Lilliu, entre 1950 e 1957, trazendo à tona numerosos restos como ferramentas, armas, cerâmica, jóias e outros artefatos que são exibidos no próximo museu local.

Atualmente é possível entrar no ao interior do nurague mediante prévia reserva -no site do Parco della Giara- e mediante visita guiada. Os ingressos variam de 10 a 17 euros (58 a 100 reais), em conformidade com os meses do ano.