Tulum é reconhecida em todo mundo por suas praias de areia branca, águas turquesas, ricos corais e reservas e por congregar ricaços do jet set em hotéis de luxo na selva. A antiga cidade maia é hoje uma cidade que evoca um paraíso moderno, não sem verdadeiro toque de "regresso à natureza", com um misticismo eco-chique e de neoxamanismo.
Claro que estas condições, que são tão atraentes para muitos, para outros são sinais de alarme. O fenômeno da destruição de grandes paraísos naturais não é novo. Alguns alertaram faz anos que o que estava acontecendo na cidade se parecia muito ao que ocorreu em Playa del Carmen, o destino vizinho que cresceu exponencialmente e se transformou em um lugar no qual afloram a violência, as drogas e o "ecocídio".
Seguindo este tenor, o documentário "The Dark Side of Tulum" pesquisa a situação atual neste destino turístico. O filme foi dirigido por Rachel Appel, americana que de forma louvável tenta reverter a tendência deste lugar no qual as pessoas costumam chegar para tomar ou devorar e ir embora sem oferecer nada em troca, criando uma espiral de consumo insustentável.
Tulum existe no meio de uma geografia única, pois jaz ali o maior rio subterrâneo do mundo, graças ao qual existem os maravilhosos cenotes. Este rio subterrâneo, que era tão importante na cosmogonia maia, está sendo fortemente contaminado pelas práticas antiecológicas e anti-higiênicas dos turistas e habitantes de Tulum, incluindo a grande parte dos empresários hoteleiros que não tratam seus dejetos e os liberam à rede subterrânea.
O problema do sargaço que afeta os hoteleiros e que é evidente para qualquer um que tenha visitado Tulum nos últimos anos se deve também a que o rio subterrâneo está se misturando com o esgoto dos banheiros dos hotéis e condomínios.
Outro fenômeno notável relacionado é a destruição do recife de coral, um dos maiores do mundo. Há grandes áreas nas quais o coral já morreu, o que não só põe em perigo a beleza e a atração turística do local, senão a existência da biodiversidade da região.
Tulum é uma cidade construída sobre a selva, um terreno que não favorece em primeiro lugar o luxo que é reclamado pelos turistas que viajam para lá. Atualmente a cidade recebe mais de 2 milhões de turistas ao ano e conta com uma população de mais de 40 mil habitantes, quando há 20 anos tinha só 4 mil.
Mas ainda que este desenvolvimento tenha se mantido em alta e supostamente seja regular o tipo de construções que realizam, a realidade é que não há nenhum plano mestre e impera a desordem e a corrupção. Um dos efeitos disto é que grande manguezais são eliminados, o que é um desastre brotando, pois o manguezal é o filtro natural da água. O fervor de crescer em curto prazo e capitalizar o boom acaba, a longo prazo, sendo a falência das mesmas empresas.
Em suma, o atual crescimento de Tulum é insustentável e ainda seja possível "salvar" a incrível beleza e riqueza natural deste lugar, a tendência é sumamente obscura. Mesmo que não seja muito agradável, seria de bom grado que as pessoas, que vão "festar" em algum resort na praia ou a um rave em um cenote, recordassem que é provável que ao estarem ali estejam contribuindo à destruição deste antigo paraíso.
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