A curiosa vida da mulher conhecida como a mais alta do mundo

Quando Sandy Allen tinha 10 anos, ela tinha 1,90 metros de altura. O fato dela ter superado a maioria dos adultos em uma idade tão jovem pressagia uma incrível –ainda que curta– luta para se encaixar como a mulher mais alta do planeta. Foi o Guinness que realmente ajudou Allen a aceitar sua estatura. Depois de atingir a idade adulta, Allen escreveu para a empresa, esperando que eles pudessem colocá-la em contato com alguém tão alto quanto ela. Sua vida social era "praticamente nula", escreveu ela, devido à sua autoconsciência.

Sandy nasceu em Chicago em 1955. Pesando 2,9 kg, peso que não oferecia muita dica de suas futuras dimensões descomunais. Um tumor em sua glândula pituitária produziu uma quantidade excessiva de hormônio do crescimento e causou acromegalia, ou gigantismo, a mesma condição que afetou André, o Gigante.

Mesmo em casa, onde ela cresceu com sua avó em Shelbyville, Indiana, a altura de Allen criou alguns desafios. A estrutura de sua cama era tão grande que não cabia em seu quarto; em vez disso, teve que ser colocado na sala de jantar. Na escola, Sandy se sentia excluída: ela era muito alta para se encaixar e muito descoordenada para tirar vantagem de sua altura nos esportes.

Em 1974, enquanto trabalhava como secretária, alguns dos colegas de trabalho de Allen a convenceram a enviar suas medidas para o Guinness. Sua altura era de fato um recorde mundial, e ela apareceu na edição de 1976 do livro. Isso levou a uma enorme publicidade, que Sandy parecia abraçar. Em vez de provocá-la, como seus colegas faziam, as pessoas pareciam ter uma curiosidade genuína sobre ela.

O interesse público que se seguiu rendeu a Sandy um papel em um filme de Federico Fellini, "Casanova de Fellini", onde ela interpretou Angelina, a Gigante. Seguiram-se inúmeras aparições em programas de entrevistas na televisão, assim como palestras pessoais, onde ela enfatizou às crianças a importância de aceitar quem você é. Sandy até comprou um ônibus com as palavras "Mulher mais alta do mundo" impressas na lateral.

Quando Sandy voltou de Roma depois de filmar o filme de Fellini, ela foi examinada por médicos e instada a remover o tumor, que poderia deixá-la cega. Mesmo assim, a série de problemas de saúde causados pelo crescimento excessivo de seus órgãos deixaram os médicos preocupados com a possibilidade dela não viver para completar 30 anos.

Em vez de insistir nesse prognóstico, Sandy conseguiu um emprego no Museu Guinness em Niagara Falls, onde se tornou uma espécie de exposição viva. Ela falava sobre sua altura de 2,323 metros e respondia a perguntas dos espectadores sobre sua dieta. Ela comia "pessoas baixinhas", brincava.

O trabalho no Guinness durou oito anos, quando Allen retornou a Indiana. Ao longo da década de 1980, ela ganhava a vida trabalhando como secretária e fazia aparições esporádicas na televisão. À medida que as viagens se tornavam cada vez mais difíceis para ela -ficar em pé ou andar muito tempo poderia causar bolhas, uma das quais ficou tão ruim que ela teve que amputar um dedo do pé– ela precisou de mais assistência.

Allen morava em um asilo antes de sua morte aos 53 anos em 2008. Entre os outros moradores estava Edna Parker, de 115 anos, então reconhecida pelo Guinness como a pessoa viva mais velha do mundo.

Embora o recorde de Allen tenha sido superado por Zeng Jinlian, da China, Sandy é provavelmente a lenda mais conhecida do Guinness. Após sua morte, os amigos costumavam dizer que era sua estatura como uma pessoa boa e gentil que eles mais se lembravam.

No momento de sua morte, em fevereiro de 82, com 17 anos em Hunan, China, Zeng Jinlian estava com incríveis 2,49 metros de altura, porém ela não podia mais se manter de pé devido a uma grave deformação da coluna. Ela também tinha acromegalia.