Oficial russo capturado pede desculpas à Ucrânia por 'genocídio' e implora por misericórdia

Um comandante russo capturado pela Ucrânia condenou a invasão "genocida" de Moscou, dizendo em uma notável declaração televisionada que as tropas foram enganadas ao acreditar que Kiev havia sido derrubada pelos nazistas e precisava ser libertada. O tenente-coronel da Guarda Nacional Astakhov Dmitry Mikhailovich, que foi capturado junto com dois outros soldados, disse ter sido informado de que eles estavam sendo enviados para ajudar a Ucrânia porque estava "dominada por um regime fascista" e que "nacionalistas e nazistas haviam tomado o poder".

- "Obviamente, essa informação era unilateral", disse Mikhailovich a repórteres. O coronel disse que suas dúvidas foram confirmadas ainda mais quando ele descobriu que seus boxeadores favoritos, os ucranianos Oleksandr Usyk e Vasiliy Lomachenko, planejavam lutar pela resistência.

O cativo implorou "misericórdia" aos ucranianos e disse que estava pronto para ir para a cadeia por participar da ofensiva brutal.

- "Sinto vergonha de termos vindo para este país", disse o coronel. - "Não sei por que estávamos fazendo isso. Sabíamos muito pouco. Trouxemos tristeza a esta terra."

Dizendo aos repórteres que estava falando livremente, o oficial de alto escalão pediu desculpas aos cidadãos ucranianos, que estão sob fogo direto das forças invasoras.

- "Não consigo encontrar palavras para pedir desculpas ao povo ucraniano", disse Mikhailovich, acrescentando que entenderia se a Rússia nunca fosse perdoada. O prisioneiro de guerra também instou a Ucrânia a deixar as tropas russas viverem.

- "Muitos deles estão apenas envergonhados. Eles não querem guerra. Estão se sentindo bucha de canhão e muitos abandonam seus postos", disse o homem abatido.

- "Eu sinceramente espero por sua misericórdia para com as pessoas que vêm até você com as mãos para cima ou para aqueles que estão feridos. Não devemos semear a morte, é melhor semear a vida", disse ele. instando suas tropas a serem corajosos e se oporem a seus comandantes.

- "Vocês estão em uma situação tensa, indo contra seu próprio comandante. Mas isso é genocídio", disse. - "A Rússia não pode vencer aqui de qualquer maneira. Mesmo se formos até o fim. Podemos invadir o território, mas não podemos invadir o povo."

Imagens de Mikhailovich e outros soldados russos capturados levantaram questões sobre se a Ucrânia está violando as Convenções de Genebra, que fornecem proteção aos prisioneiros de guerra. De acordo com o Artigo 13: "Os prisioneiros de guerra devem ser protegidos em todos os momentos, particularmente contra atos de violência ou intimidação e contra insultos e curiosidade pública. São proibidas as medidas de represália contra os prisioneiros de guerra".

Andrew Stroehlein, ativista de direitos humanos que atua como diretor de mídia europeia da Vigilância dos Direitos Humanos, disse em um tweet que humilhar ou tornar prisioneiros de guerra um assunto de curiosidade ou ridículo público é estritamente proibido pelas leis da guerra.

- "Embora possa parecer em alguns vídeos que os prisioneiros de guerra são livres para falar como quiserem, eles são mantidos em cativeiro por outra força militar e é quase impossível julgar a partir de um vídeo as condições que enfrentam", escreveu ele.

Stroehlein disse que esta proibição protege as famílias dos soldados em seu país de origem que podem enfrentar retaliação se souberem que seus familiares foram capturados.

- "Essas regras se aplicam igualmente às forças ucranianas que capturam soldados russos e às forças russas que capturam soldados ucranianos", acrescentou.