Por que a maioria das músicas pop têm aproximadamente três minutos de duração?

Não importa onde você costuma ouvir os maiores sucessos de hoje, você provavelmente notou que elas tendem a ter cerca de três minutos de duração. O costume remonta ao início do século 20, quando os discos de goma-laca apareceram pela primeira vez no mercado. As taxas nas quais esses discos giravam variavam, mas 78 rotações por minuto rapidamente se tornaram a norma. Os tamanhos de discos mais populares eram de 25 centímetros –que podiam conter cerca de três minutos de música por lado– e 12, que comportavam cerca de quatro a cinco minutos.

Para fazer com que as estações de rádio transmitissem sua música e fizessem com que as pessoas a comprassem, os músicos praticamente tiveram que se acomodar a esses limites de tempo.

O final da década de 1940 viu o nascimento do disco de 45 RPM: um disco menor e mais barato feito de vinil que não conseguia muito mais do que três minutos de música por lado. Discos de longa duração (LPs) foram introduzidos na mesma época, mas era muito mais fácil para as estações de rádio tocarem faixas únicas de 45, que hordas de ouvintes ouviam e compravam. Enquanto os de 78 originaram a tendência de três minutos, os de 45 realmente ajudaram a torná-lo uma necessidade para os singles de rádio em meados do século 20.


Definitivamente havia exceções à regra. A música de 1965 de Bob Dylan, "Like a Rolling Stone", dura mais de seis minutos, e os fãs sobrecarregaram as estações de rádio com chamadas exigindo a versão completa. Funcionou. A canção se tornou um improvável sucesso de rádio.

Mais frequentemente, os músicos simplesmente cortavam uma edição de rádio mais curta para lançar como single para tocar nas rádios, como o clássico"Heroes" de David Bowie em 1977. Se você quisesse ouvir os seis minutos completos, devia comprar o LP.

À medida que a tecnologia da música evoluiu ao longo dos anos, de discos a fitas cassete e CDs, três minutos não saíram de moda como estimativa de fato para músicas pop. Isso ocorre em parte porque as estações de rádio podem encaixar mais comerciais em um programa se as músicas fossem relativamente curtas.

As gravadoras também podem ter preferido singles mais curtos, já que músicas mais longas não significavam cheques de royalties mais gordos. Também é provável que os ouvintes de música pop preferissem a concisão; afinal, é o que as últimas décadas os ensinaram a esperar.

O problema do limite de tempo, no entanto, acabou, quando surgiram os discos de 33 RPM. Há críticos de música que realmente acham que bandas como Pink Floyd dificilmente seriam os ícones do rock atual com os 3 minutos. "Echoes", por exemplo tem 23 minutos ainda que os últimos 11 minutos sejam desnecessários ruídos soturnos.

O cenário atual da música digital parece mais propício para músicas pop mais longas do que qualquer coisa que veio antes dele. Por um lado, não há tantas restrições físicas a serem consideradas, como o tamanho de um disco. E com milhões de pessoas transmitindo músicas pop hoje em dia -ou ouvindo-as no Youtube– o rádio não é mais o único veículo para catapultar músicos para o sucesso mainstream.

Mas se você percorrer uma lista de reprodução Top 40 hoje, não verá um monte de músicas de seis minutos. Na verdade, muitas faixas têm menos de três minutos de duração. "Ghost" de Justin Bieber tem apenas dois minutos e 33 segundos, e "Thats what i want" de Lil Nas X tem dois minutos e 23 segundos.

O menor tempo de atenção e a influência das mídias sociais podem explicar a tendência à brevidade, mas não é o único fator: o modelo de remuneração também importa.

- "Em vez de ser pago por vendas físicas, você está sendo pago por um stream, o que só conta se alguém ouvir 30 segundos de uma música", disse o compositor Charlie Harding. - "Na verdade, faz sentido se você puder ter mais músicas transmitidas ao mesmo tempo, o que significa que você deseja empacotar seu álbum com músicas muito mais curtas."

Em outras palavras, o sucesso agora é menos sobre vendas e mais sobre o número de streams. As estrelas pop de hoje estão fazendo música que reflete a mudança, não muito diferente de como os músicos do século 20 aprenderam a trabalhar dentro dos limites do limite original de três minutos.