A ciência por trás daqueles grandes olhos de cachorro pidão

Quando um companheiro canino quer um deleite extra, basta um olhar daqueles olhos cativantes de cachorro pidão. Agora, os cientistas sugerem que os cães domesticados podem ter desenvolvido músculos faciais extras para conquistar as pessoas com suas expressões adoráveis. Os seres humanos podem ter contribuído para a aparência calorosa ao longo de milhares de anos de reprodução seletiva para os rostos animados caninos que tanto nos cativam e enternecem, explica um comunicado.

Apresentado no Encontro de Biologia Experimental 2022 na Filadélfia, a pesquisa preliminar oferece uma visão mais profunda de como os cães se comunicam conosco.

- "Os cães são realmente únicos de qualquer outro animal domesticado, pois retribuem um vínculo com seus humanos. Eles realmente são nossos companheiros", disse a autora do estudo Madisen Omstead, bióloga da Universidade Duquesne em Pittsburgh. - "Eles demonstram isso através de seu olhar mútuo aquele olhar de 'olho de cachorrinho' que eles nos dão."

Em humanos, pequenos músculos ao redor de nossos olhos e bocas são responsáveis ​​por pequenas e rápidas expressões faciais, como levantar uma sobrancelha. Nossos chamados músculos miméticos são alimentados por fibras de miosina de contração rápida que se cansam rapidamente, e é por isso que não podemos manter essas expressões por muito tempo. Outros músculos contêm fibras de miosina de contração lenta usadas para movimentos longos e controlados.

Para o experimento, a equipe de pesquisa quantificou quantas fibras de contração rápida e lenta lobos e cães têm em seus músculos miméticos. As fibras de contração rápida compunham de 66 a 95 por cento das fibras de contração rápida, enquanto os lobos em média tinham 25 por cento. Os músculos faciais dos lobos eram dominados por músculos de contração lenta, que eles podiam usar para movimentos prolongados, como uivar.

Como os humanos, os cães têm uma porcentagem maior de fibras de contração rápida em seus músculos faciais. À medida que os cães se ramificaram de seus ancestrais lobos há 33.000 anos, a necessidade de músculos de contração lenta pode ter diminuído e suas expressões faciais se tornaram mais cativantes e familiares para as pessoas.

Os músculos de contração rápida ao redor da boca dos cães podem ter evoluído para produzir os latidos agudos e rápidos que os animais de estimação usam para se comunicar com seus humanos hoje. Os cães podem latir para seus humanos para serem brincalhões, chamar nossa atenção, proteger seu território ou nos avisar.

- "Era parte do processo de domesticação de alguma forma, se os humanos escolhiam cães conscientemente que latiam, ou se era um subproduto da domesticação", diz a coautora do estudo Anne Burrows, antropóloga biológica.

Os cientistas planejam investigar melhor como o latido se desenvolveu em cães e por que os humanos podem ter selecionado essa característica durante o processo de domesticação. A equipe também planeja investigar se a domesticação moldou os músculos miméticos de outros mamíferos.