Resíduos agropecuários e florestais podem ser transformados em lenha ecologicamente correta

A lenha e o carvão vegetal são importantes fontes de energia em todo o mundo, porém grande parte deles ainda vem de origem ilegal. A derrubada de árvores em matas nativas é um dos principais responsáveis pela destruição de biomas. Por isso faz anos que procura-se alternativas sustentáveis como a fabricação de briquetes ou carvão briquete feitos de resíduos como serragem, casca de arroz, palha de arroz, sabugo, bagaço de cana, casca de coco, casca de café, entre outros. O resultado é um bio-combustível sólido oriundo de um processo de fabricação feito a partir da compactação por pressão e temperatura.

Todos estes materiais celulósicos podem também ser combinados com aditivos como amido e bórax para proporcionar briquetes maiores, adicionar cheiro à fumaça ou afetar a queima. Ainda que esta alternativa sustentável apresenta menos eficiência energética comparado com a madeira, pode constituir uma boa fonte de energia mais ecologicamente correta por ser composta de materiais reaproveitados, que seriam descartados.

Na churrasqueira, o carvão briquete faz pouca fumaça, mas seu acendimento pode ser um pouco mais complicado, nada que álcool não resolva. Devido a menor eficiência energética ele demora um pouco mais para alcançar a temperatura ideal de cozimento, cerca de 20 a 25 minutos. Em comparação, o carvão vegetal precisa de 7 a 10 minutos. Por outro lado mantém o fogo durante bastante tempo.

Como alternativa, os churrasqueiros gourmet estão cada vez mais usando carvão de bambu, que tem maior poder calorífico que o de madeira e também é menos prejudicial ao meio ambiente. Isso, claro, quando oriundo de áreas de reflorestamento.

Nesse sentido, desde 2012, a Embrapa disponibilizou em seu site um manual que mostra o caminho das pedras para quem quer saber mais sobre os aspectos técnicos da briquetagem e da peletização de resíduos agroflorestais e agroindustriais.

Uma alternativa ambientalmente correta, a briquetagem também pode ser uma opção economicamente importante para países do terceiro mundo. Vejam o caso de Alhaji Siraj Bah que passou meses de tentativa e erro desenvolvendo sua receita para briquetar cascas de coco.

O jovem perdeu sua família adotiva em um deslizamento de terra quando tinha 17 anos. Antes disso, ele passou anos morando nas ruas, sonhando com o dia em que poderia abrir seu próprio negócio. Alhaji mora em uma região de Serra Leoa que já perdeu 70% de sua cobertura florestal nas últimas cinco décadas.

A grande razão para o desmatamento são as pessoas derrubando árvores para alimentar seus fogões. O problema é que as raízes das árvores são essenciais para conter a terra durante as tempestades cada vez mais intensas devido a mudança climática.

No vídeo do canal Insider logo abaixo, Alhaji diz que sua empresa, Rugsal Trading, coleta cerca de 2 toneladas métricas de resíduos de coco por semana, mas ele tem estimativas que esta cifra alcance as 10 toneladas até o final de 2022.

Os briquetes fabricados hoje são destinados a cachimbos de narguilé, mas a empresa pretende aumentar suas vendas alcançando pessoas que usem seus briquetes de coco como combustível para cozinhar em vez de cortar árvores.

Os deslizamentos de terra em Serra Leoa mataram mais de 1.100 pessoas e outras 3.000 perderam suas casas. Alhaji começou a pesquisar obsessivamente maneiras de impedir o desmatamento. Ele encontrou vídeos no YouTube de empreendedores de todo o mundo fazendo briquetes de biomassa para substituir a madeira e começou a economizar dinheiro para comprar uma extrusora mecânica e aperfeiçoou sua receita.

De acordo com um estudo filipino, uma tonelada de briquetes de biomassa pode economizar cerca de 80 pequenas árvores. Pode ser uma gota no oceano, mas se cada um de nós contribuir com uma gotinha podemos inundar os mares.