Veja entrevistas reais com pessoas que viveram nos anos 1800

O século XIX está bem e verdadeiramente desaparecido. Isso pode parecer uma afirmação trivial, já que estamos vivendo na década de 2020, mas apenas nos últimos anos perdemos a última pessoa nascida nessa época. Tajima Nabi, uma japonesa que morreu em 2018 com a idade de 117 anos, foi nossa última conexão viva com o século XIX -1900, o ano do nascimento de Tajima, sendo tecnicamente o último ano daquele século-. Invenção da fotografia, da gravação de som e até do cinema, que oferecia a alguns de seus habitantes um meio de preservar não apenas suas memórias, mas também seus modos.

Você pode ver uma coleção dessas imagens, restauradas e colorizadas, no canal do Youtube Life in the 1800s. Há que asseverar que, ainda que o aprimoramento a 4K e interpolação para 60 fps funcionam muito bem, a colorização continua com algumas falhas inerentes porque é muito difícil treinar um modelo de aprendizado profundo que possa interpretar com perfeição onde estão os diversos limites de uma cena.

Na lista de reprodução de clipes de entrevistas do canal, você encontrará memórias em primeira mão, se não da década de 1800, pelo menos dos anos 1850 até os anos 1890. Veja o inventor Elihu Thomson, assunto da entrevista no vídeo acima. Nascido na Inglaterra em 1853, Thomson emigrou com sua família para os Estados Unidos em 1857.

Eles se estabeleceram na Filadélfia, onde Thomson se viu forçado a sair da escola aos onze anos porque ainda não tinha idade suficiente para entrar no ensino médio. Alguns conselheiros diziam:

- "Mantenha-o longe dos livros e deixe-o se desenvolver fisicamente." Ao que o jovem Thompson respondeu: - "Se você fizer isso, pode me matar agora, porque preciso ter meus livros."


Um desses livros estava cheio de experimentos de química e elétricos, e realizá-los deu a Thomson seu primeiro conhecimento de eletricidade: um fenômeno de grande importância para o desenvolvimento que aconteceria ao longo do resto do século XIX e no vigésimo.

Albert L. Salt também começou a trabalhar para a Western Electric aos quatorze anos em 1881 e acabou se tornando o presidente da subsidiária de eletrodomésticos da empresa, Graybar. Mas é claro que nem todos tinham essa escada profissional disponível: veja os entrevistados idosos na filmagem logo acima, que nasceram na escravidão nos anos 1840 e 1850.

Quanto mais distante um tempo fica, mais ele tende a se achatar em nossa percepção. Na ausência de pesquisa histórica deliberada, não temos uma noção das várias texturas de eras fora da memória viva. Somente nos Estados Unidos, o século XIX abrangeu tanto a grande inovação tecnológica quanto os dias do Velho Oeste.

Este último era o reino conhecido pelo veterano da Guerra Civil e fotógrafo William Henry Jackson, que na entrevista acima lembra o oeste americano antes dos cowboys chegarem, não à época dos cowboys, mas antes.

Quando os pais de Bertrand Russell, 3º Conde de Russell, morreram, ele tinha apenas três anos. Mais tarde ele ficaria conhecido por ser o grande filósofo, lógico e crítico social britânico. Ele foi criado por seu avô, que serviu como primeiro-ministro do Reino Unido de 1846 a 1852 e novamente de 1865 a 1866.

Em dezembro de 1814, ele teve uma reunião de 90 minutos com Napoleão durante o exílio do ex-imperador em Elba. Em junho de 1815, Russell denunciou a Restauração Bourbon e a declaração de guerra da Grã-Bretanha contra o recém-retornado Napoleão, argumentando na Câmara dos Comuns que as potências estrangeiras não tinham o direito de ditar a forma de governo da França.