Todos nós conhecemos algumas dessas pessoas azaradas que, de alguma forma, foram infectadas com as SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19. Por outro lado também conhecemos as que conseguiram evitar o vírus. Provavelmente você seja uma delas. Este é um superpoder ao estilo da Marvel? Existe alguma razão científica pela qual uma pessoa pode ser resistente a ser infectada, quando o vírus parece estar em toda parte? Ou é simplesmente sorte? São questões complicadas para responder, sobretudo se levarmos em conta que oficialmente mais de 15% da população brasileira contraiu a doença. |
Os números oficiais hoje indicam que 31.060.017 brasileiros foram infectados (666.848 mortes). No entanto, acredita-se que o número de pessoas realmente infectadas seja bem maior. A taxa calculada de infecções assintomáticas varia dependendo do estudo, embora a maioria concorde que é bastante comum. No Reino Unido, por exemplo, a taxa oficial é de 31% de infectados, mas o Escritório Nacional de Estatísticas do país diz que pelo menos 60% já teve covid-19 pelo menos uma vez.
Mas mesmo levando em consideração as pessoas que tiveram a doença e não perceberam, ainda há provavelmente um grande grupo de pessoas que nunca tiveram. A razão pela qual algumas pessoas parecem imunes à covid-19 é uma questão que persistiu durante toda a pandemia. Tal como acontece com tanta coisa na ciência, não há (ainda) uma resposta simples.
Provavelmente podemos descartar a teoria dos superpoderes da Marvel, mas a ciência e a sorte provavelmente têm um papel a desempenhar. A explicação mais simples é que essas pessoas nunca entraram em contato com o vírus.
Esse certamente pode ser o caso de pessoas que estão se protegendo durante a pandemia. Pessoas com risco significativamente maior de doenças graves, como aquelas com doenças cardíacas ou pulmonares crônicas, tiveram alguns anos difíceis. Muitas delas continuam a tomar precauções para evitar uma possível exposição ao vírus. Mesmo com medidas de segurança adicionais, muitas dessas pessoas acabaram com covid-19.
Devido ao alto nível de transmissão comunitária, particularmente com as variantes ômicron extremamente transmissíveis, é muito improvável que alguém indo para o trabalho ou escola, socializando e fazendo compras não tenha estado perto de alguém infectado com o vírus. No entanto, existem pessoas que sofreram altos níveis de exposição, como funcionários de hospitais ou familiares de pessoas que tiveram covid-19, que de alguma forma conseguiram evitar o teste positivo.
Sabemos de vários estudos que as vacinas não apenas reduzem o risco de doença grave, mas também podem reduzir a chance de transmissão doméstica do SARS-CoV-2 em cerca de metade. Portanto, certamente a vacinação poderia ter ajudado alguns contatos próximos a evitar a infecção. No entanto, é importante notar que esses estudos foram feitos pré-ômicron. Os dados que temos sobre o efeito da vacinação na transmissão atual ainda são limitados.
Uma teoria sobre por que certas pessoas evitaram a infecção é que, embora estejam expostas ao vírus, ele não consegue estabelecer uma infecção mesmo depois de entrar nas vias aéreas. Isso pode ser devido à falta dos receptores necessários para o SARS-CoV-2 obter acesso às células.
Uma vez que uma pessoa é infectada, os pesquisadores identificaram que as diferenças na resposta imunológicas ao SARS-CoV-2 desempenham um papel na determinação da gravidade dos sintomas. É possível que uma resposta imune rápida e robusta possa impedir a replicação do vírus em grande medida em primeira instância.
A eficácia de nossa resposta imunológica à infecção é amplamente definida por nossa idade e nossa genética. Dito isto, um estilo de vida saudável certamente ajuda. Por exemplo, sabemos que a deficiência de vitamina D pode aumentar o risco de certas infecções. Não dormir o suficiente também pode ter um efeito prejudicial na capacidade do nosso corpo de combater patógenos invasores.
Os cientistas que estudam as causas subjacentes da covid-19 grave identificaram uma causa genética em quase 20% dos casos críticos. Assim como a genética pode ser um fator determinante da gravidade da doença, nossa composição genética também pode ser a chave para a resistência à infecção por SARS-CoV-2.
Os pesquisadores descobriram algumas mutações genéticas realmente interessantes, incluindo várias envolvidas com a resposta imunológica do corpo à infecção, que podem explicar o porquê. Por exemplo, um estudo identificou uma mutação em um gene envolvido com a detecção da presença de um vírus já demonstrou conferir resistência à infecção pelo HIV entre usuários de drogas intravenosas.
Há também a possibilidade de que a infecção anterior com outros tipos de coronavírus resulte em imunidade reativa cruzada. É aqui que nosso sistema imunológico pode reconhecer o SARS-CoV-2 como semelhante a um vírus invasor recente e lançar uma resposta imune. Existem sete coronavírus que infectam humanos: quatro que causam o resfriado comum e um que causa Sars (síndrome respiratória aguda grave), Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio) e covid-19.
Quão duradoura essa imunidade pode ser é outra questão. Os coronavírus sazonais que circularam antes de 2020 foram capazes de reinfectar as mesmas pessoas após 12 meses.
Se você conseguiu evitar a covid-19 até o momento, talvez tenha imunidade natural à infecção por SARS-CoV-2, ou talvez tenha tido sorte. De qualquer forma, é sensato continuar tomando precauções contra esse vírus sobre o qual ainda sabemos tão pouco.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários