Quando a World Wide Web fez sua estréia pública no início dos anos noventa, fascinou muitos e atingiu alguns como revolucionária, mas a ideia de assistir a um filme on-line ainda soava como pura fantasia. No entanto, em 23 de maio de 1993, uma pequena audiência espalhada entre algumas dezenas de laboratórios de informática se reuniram para assistir - "...o primeiro filme a ser transmitido na Internet. A rede global de computadores que conecta milhões de e pesquisadores acadêmicos e até agora tem sido um meio para trocar notas de pesquisa e uma ocasional imagem estática", dizia um artigo do New York Times. |
Essa explicação fala muito sobre como a vida on-line era percebida pelo leitor médio do jornalão três décadas atrás. Mas dificilmente foi o leitor médio do New York Times que sintonizou a primeira exibição de filmes da internet, cuja apresentação foi "Cera ou a Descoberta da Televisão entre as Abelhas".
Concluído em 1991 pelo artista David Blair, este filme híbrido de ficção e ensaio ofereceu a seus espectadores o que o crítico do Times Stephen Holden chamou de - "...uma saga familiar multigeracional como pode ser imaginada por um romancista cyberpunk. Ele faz todo o caminho de volta para a história de Caim e Abel e a Torre de Babel e avança para a própria morte, nascimento e renascimento do narrador em um ato de violência."
Jacob Maker, o narrador, já foi um humilde engenheiro de sistemas de orientação de mísseis. Mas o desencanto crescente com sua linha de trabalho o empurrou para as artes apícolas, em homenagem ao seu famoso neto apicultor Jacob Hive Maker. Que este último seja interpretado por William S. Burroughs sugere que o filme tem os ingredientes de um "clássico cult", assim como a construção do filme, em grande parte a partir de imagens encontradas, justapostas e manipuladas em uma psicodelia digital. Sua narrativa, divertida, rica em referências e desconcertantemente complexa para uma duração de 85 minutos, tem Jacob mentalmente ultrapassado por suas próprias abelhas, que implantam uma televisão em seu cérebro e o reprogramam como um assassino.
Em uma internet que só podia transmitir na "impressionante" taxa de dois quadros por segundo em preto e branco, deve ter proporcionado uma experiência de visualização singular. Naquela época a transmissão digital ainda não estava pronta para o horário nobre.
Hoje, em nossa era de streaming, a transmissão digital substituiu o horário nobre, e parece apropriado que possamos assistir este filme no Youtube, onde Blair o postou como parte de um filme digital em andamento maior, contínuo e de difícil compreensão. Mesmo agora, a internet está apenas começando a transformar não apenas como assistimos a filmes, mas como nos comunicamos, conduzimos nossas vidas diárias e até pensamos. Todos nós podemos ver algo de nós mesmos em Jacob Maker. E na internet de hoje, podemos ver isso com muito mais clareza.
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