No medievo as pessoas usavam o tricobezoar como antídoto para veneno

Os bezoares, uma espécie de massa ou concreção, encontrada no aparelho digestivo, usualmente no estômago, sobretudo dos ruminantes, mas que ocorre também entre outros animais, podem afetar também os humanos. Existem vários tipos, alguns dos quais têm componentes inorgânicos e outros orgânicos. Alguns bezoares, os mais interessantes, são os que começam por materiais como areia e pedras, e com o tempo vão formando camadas de cálcio na sua superfície, à semelhança das pérolas das ostras. Estes bezoares são chamados gemabezoar, já que são muito belos e considerados pedras semipreciosas.

Mas o mais comum deles é o tricobezoar, mais conhecido como "bola de pelos", que acomete animais que tem costume de lamber os próprios pelos, como gatos e vacas, por exemplo. A bola se acumula no estômago e depois não passa pelo intestino, que pode ser retirado do animal quando ele morre.

Acredite ou não, no medievo as pessoas achavam que o tricobezoar tinha propriedade curativa e era usado principalmente como antídoto para venenos. Há até uma história sobre um cirurgião francês do Século XVI, chamado Ambroise Paré, que decidiu testar se os tricobezoares funcionavam com um empregado da corte, que fora condenado por roubar talheres do rei Charles.

Como o homem ia ser morto mesmo, Ambroise propôs que ele tomasse veneno e ele administraria um tricobezoar em seguida. Se a "bola de pelos" funcionasse, o homem ficaria livre. O rei concordou e o ladrão... morreu agonizando, lógico.

Como você vai ver no vídeo acima, que mostra um tricobezoar do Século XIX, é incrível que algo que parece tão bonito tenha saído do estômago de uma vaca. Com base nessa definição, ninguém esperaria que um tricobezoar fosse algo que ficaria ótimo como uma peça de decoração para casa, mas eu ficaria feliz em exibir esse bezoar de vaca na prateleira da minha sala de estar.