Os sons secretos dos sinos de Notre-Dame

Desde o incêndio devastador em 2019, a Catedral de Notre-Dame de Paris foi fechada. A amada estrutura, que tem mais de 850 anos, não deve reabrir até 2024, se as obras da reforma não atrasarem. Mas enquanto isso, Bill Fontana está trazendo ao público os sons dos sinos da catedral, que sobreviveram ao incêndio. Bill não está captando o toque familiar dos sinos das igrejas. Em vez disso, seu foco são os sons imperceptíveis das vibrações dos sinos. Mesmo quando os sinos não estão tocando, suas vibrações mudam constantemente com base no que está acontecendo ao seu redor.

Desde que recebeu permissão para entrar na catedral no ano passado, Bill vem instalando acelerômetros -dispositivos que podem rastrear até mesmo pequenas vibrações- para ouvir cada sino. Ao ajustar os sons gravados para torná-los audíveis aos ouvidos humanos, Bill tornou possível experimentar as vibrações nunca antes ouvidas que os sinos fazem em repouso. Por centenas de anos, essas vibrações refletiram silenciosamente a cidade.

- "É um fato físico que esses sinos estão realmente vibrando o tempo todo; é como um espírito que vive dentro da Notre-Dame", disse Bill. - "É a voz, a alma, o sopro do sino. O resultado é um som muito bonito, quase místico."

Notre-Dame tem dez sinos em suas torres sineiras. O mais antigo, conhecido como Emmanuel (acima), remonta ao século XV, embora tenha sido reformulado em 1681. Tocando em Fá sustenido, o sino é considerado um dos mais harmonicamente belos da Europa.

Durante a Revolução Francesa, Emmanuel foi o único sino a não ser derretido para munição. Alguns dos sinos derretidos foram então reformulados no final do século XIX. Mas em 2013, devido à má qualidade acústica, todos os sinos -com exceção de Emmanuel- foram substituídos. Ao longo da história, Emmanuel tocou para marcar grandes eventos em Paris, incluindo a coroação de reis e o fim da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.

Bill está agora transmitindo ao vivo o som dos sinos no Centro Pompidou em Paris, e está trabalhando com a empresa francesa de telecomunicações Orange para descobrir se pode adicionar vídeo ao vivo a futuras exposições, o que será particularmente útil em locais distantes de Paris.