Em 2020, a produção global de castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) foi de 69.658 toneladas, a maior parte derivada de colheitas silvestres em florestas tropicais, especialmente nas regiões amazônicas do Brasil e da Bolívia que produziram 92% do total mundial. Curiosamente, apesar de ser conhecida em quase todo o mundo como castanha-do-Brasil, o maior exportador da castanha hoje não é o Brasil, mas sim a Bolívia, onde são chamadas de almendras, ou ainda nuez amazónica. Isto se deve à drástica diminuição da espécie no Brasil, devida ao desmatamento. |
O nome "castanha-do-pará" e não "castanha-da-amazônia" se deve ao fato de que no período colonial a extensão do Pará incluía toda a Amazônia brasileira. Muitos acreanos, por serem os maiores produtores nacionais de castanha, referem-se a elas como "castanhas-do-acre".
Uma vez que a maior parte da produção para o comércio internacional é colhida na natureza, o arranjo de negócios avançou como um modelo para gerar renda a partir de uma floresta tropical sem destruí-la. Como não são cultivadas em plantações senão que coletadas na floresta depois que caem naturalmente das castanheiras, o modelo é considerado sustentável.
As castanhas são mais frequentemente coletadas por trabalhadores migrantes conhecidos como castanheiros. A exploração madeireira é uma ameaça significativa à sustentabilidade da indústria de extração de castanha.
Um estudo publicado na revista Trends in Ecology & Evolution analisou a idade das árvores nas áreas onde houve extração mostrando que a colheita de moderada a intensa coleta tantas sementes que não resta um número suficiente para substituir as árvores mais antigas à medida que elas morrem. Locais com menos atividades de colheita possuem mais árvores jovens, enquanto os com atividade intensa praticamente não as possuem mais.
Experimentos estatísticos foram feitos para se determinar quais fatores ambientais podem estar contribuindo para a falta de árvores mais jovens. O fator mais consistente foi o nível de atividade de colheita em determinado Local. Uma simulação por computador que previa o tamanho das árvores em que pessoas pegavam todas as castanhas coincidiu com o tamanho das árvores encontradas nas áreas onde havia uma colheita intensa das castanhas.
A análise da idade das árvores em áreas que são colhidas mostra que a coleta moderada e intensa leva tantas sementes que não sobra o suficiente para substituir as árvores mais velhas à medida que morrem. Locais com atividades de coleta leve tinham muitas árvores jovens, enquanto os locais com práticas intensas de coleta quase não tinham.
Para piorar os maiores dispersores das sementes são as cutias que preferem lugares escuros e de mata fechada. Assim as jovens árvores acabam esperando por anos, em estado de hibernação, até que alguma árvore caia e a luz do sol possa alcançá-las.
O armazenamento e a conservação da castanha-do-pará constituem os maiores problemas para o produtor, devido as aflotoxinas que podem comprometer parte da produção e a qualidade final. Aflatoxina é a denominação dada a um grupo de substâncias muito semelhantes e que são tóxicas para o homem e para os animais.
Elas são produzidas por dois fungos: Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, que se desenvolvem sobre muitos produtos agrícolas e alimentos quando as condições de umidade do produto, umidade relativa do ar e temperatura ambiente são favoráveis. As aflatoxinas são potentes toxinas carcinogênicas.
Tais toxinas são encontradas em diversos vegetais, principalmente amendoim, castanha-do-pará, semente de algodão, pistache, ervilha, milho, centeio, arroz, gergelim, soja e batata doce. Os controles de qualidade e a fiscalização sanitária impedem a comercialização de produtos com esses problemas.
Assim, a colheita e processamento dos frutos devem ser feitos visando controlar a aflatoxina, que ocorre se os frutos ficarem amontoados muito tempo ao pé da castanheira, pois o fungo prolifera se houver umidade.
Outra grande curiosidade da castanha-do-pará é que na verdade ela não é tecnicamente uma castanha. Segundo a botânica, a Bertholletia excelsa é uma semente, já que, nas castanhas e nozes, a casca se divide em duas metades, com a carne separando-se da casca.
Em termos médios, uma castanheira produz 29 ouriços por ano, com 16 castanhas cada, o que perfaz 470 castanhas por árvore ao ano.
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