Carne artificial impressa em 3D: o futuro mais saudável e verde dos alimentos?

Desde a tentativa de glamorização do infame bife de soja, o mundo vem procurando uma alternativa a carne bovina por ter uma enorme pegada de carbono. Aquele farelo que sobra da extração do óleo de soja continua sendo produzido (e rejeitado) até hoje para encorpar a massa de salsichas, mortadelas e salames. Hoje algumas empresas concorrem no mercado de carnes artificiais para ver quem coloca o primeiro bife impresso em 3D no mercado. Elas trabalham para desenvolver um produto que funcione da mesma maneira, que, qualquer corte de carne bovina, possa ser assado ou grelhado.

O processo usado majoritariamente hoje usa proteínas retiradas de plantas que são então montadas em camadas por uma impressora 3D para produzir um bife inteiramente à base de plantas.

- "Analisamos os diferentes componentes que fazem esses belos cortes e tentamos descobrir quais são os principais componentes que precisamos imitar para obter essa carne", disse Alexey Tomsov, engenheiro de alimentos da Redefine Meat, uma startup israelense, à Reuters. Ele diz que identificaram três componentes principais: o músculo, o sangue e a gordura, necessários para alcançar o bife perfeito.

Na Espanha, uma empresa chamada Novameat começou a produzir sua própria versão de um bife impresso em 3D à base de plantas e também fabrica um produto estilo porco. Mas a recepção dos consumidores não foi a melhor, com muita gente franzindo o nariz ao experimentar o produto.

Enquanto isso, outra empresa israelense, a MeaTech 3D, está usando carne cultivada em laboratório em seus bifes impressos em 3D.

Essas empresas dizem que seus produtos não são apenas mais saudáveis, pois têm menos colesterol, mas também muito melhores para o meio ambiente do que a carne produzida pela pecuária, que tem sido destacada pela ONU como um dos principais contribuintes para as mudanças climáticas, em parte pelo metano emitido pelo gado.

Os produtos alternativos à carne já estão crescendo em popularidade em muitos países do mundo e sua participação no mercado deverá valer US$ 8,1 bilhões (44 bilhões de reais) até 2026, de acordo com dados da Fortune Business Insights, isso, lógico, se a carne artificial emplacar.

Com um punhado de empresas trabalhando em tecnologias semelhantes, a carne impressa em 3D poderia em breve fornecer uma alternativa mais saudável e ecológica à carne real? A resposta curta é "não". A resposta longa é um pouco mais complexa porque envolve a produção de bifes à base de plantas projetados para imitar a carne real. O que hoje parece algo tão difícil como reinventar a roda. Isso sem contar que a proteína animal é um dos macronutrientes que precisamos para viver.

O corpo humano precisa de 20 aminoácidos diferentes. Nossos corpos criam 11 deles -aminoácidos não essenciais-, mas devemos obter os outros 9 aminoácidos essenciais dos alimentos. As proteínas animais, como carne, ovos e leite, são proteínas completas, o que significa que fornecem todos os aminoácidos essenciais que nosso corpo precisa. Os produtos de origem animal fornecem as fontes de proteína da mais alta qualidade.

Por outro lado, vários estudos associaram o consumo de carne vermelha a um risco aumentado de doenças cardíacas, derrame e morte precoce.

Ainda que a quinoa e a soja sejam proteínas completas, contendo todos os 9 aminoácidos essenciais de que precisamos, são um asco como alimento.