SOS. Você sabe que é um sinal de pedido de socorro, mas o que realmente significa? Muitas pessoas pensam que é uma abreviação de "save ours souls" ou "save ours ship". Mas, isso não tem nada a ver e as letras não significam nada. Na verdade, o sinal nem deveria ser três letras individuais. É apenas uma sequência de código Morse contínua de três pontos, três traços e três pontos, todos executados juntos sem espaços ou pontos finais (...---...). Como três pontos formam a letra "S" e três traços formam um "O" no Morse Internacional, o sinal passou a ser chamado de "SOS" por conveniência. |
Essa conexão levou as letras a se tornarem um sinal visual de socorro divorciado do código Morse, e aqueles que precisam de resgate às vezes as soletram no chão para serem vistas de cima. Então, por que usar essa sequência específica de pontos e traços se não há significado para isso? Porque era a melhor maneira de fazer o trabalho.
Quando as máquinas de radiotelegrafia sem fio chegaram aos navios por volta da virada do século 20, os marinheiros em perigo precisavam de uma maneira de atrair atenção, sinalizar perigo e pedir ajuda. Eles precisavam de um sinal único que transmitisse de forma clara e rápida e não fosse confundido com outras comunicações.
No início, diferentes organizações e países tinham seus próprios sinais de socorro. A Marinha dos EUA usava "NC", que era o sinal de bandeira marítima para socorro do Código Internacional de Sinais. A Companhia Marconi, que arrendou seus equipamentos e operadores de telégrafo para vários navios, usava o "CQD".
As primeiras duas letras, "C" e "Q" já eram usadas na telegrafia terrestre para anunciar uma "chamada geral" para todas as estações de rádio, ao passo que a letra "D" foi adicionada como uma referência à palavra inglesa "distress", que significa algo como "perigo". Foi inclusive por esta razão que em 15 de abril de 1912 uma enorme embarcação transmitiu o sinal "CQD-MGY": o grupo de letras "MGY" era o código de identificação do Titanic.
Os “Regulamentos Alemães para o Controle de Telegrafia de 1905 determinavam que todos os operadores alemães usassem (...---...).
Ter esses múltiplos sinais de pedido de socorro era confuso e potencialmente perigoso. Isso significava que um navio em perigo em águas estrangeiras tinha uma barreira de idioma a ser superada com possíveis socorristas, mesmo usando o Código Morse Internacional.
Por causa dessa e de outras questões, vários países decidiram se reunir e discutir a ideia de estabelecer algumas regulamentações internacionais para as comunicações radiotelegráficas. Em 1906, a Convenção Internacional do Telégrafo Sem Fio foi convocada em Berlim, e os delegados tentaram estabelecer uma chamada de socorro padrão internacional. Os "-.-.--.--.." de Marconi e "………-..-..-..", que a Itália havia proposto em uma conferência anterior, foram considerados muito complicados. O "...---..." da Alemanha, porém, podia ser enviado de forma rápida e fácil e era difícil de ser mal interpretado.
O primeiro uso registrado de "SOS" como um sinal de socorro ocorreu pouco mais de um ano depois, em agosto de 1909. Os operadores sem do SS Arapahoe enviaram o sinal quando o navio foi desativado por uma hélice quebrada na costa do Cabo Hatteras, no estado americano da Carolina do Norte.
Nem todos aderiram ao novo padrão tão rapidamente, no entanto. A Companhia Marconi estava particularmente relutante em desistir do "CQD". Os operadores Marconi a bordo do Titanic inicialmente apenas enviaram o "CQD-MGY" depois que o navio atingiu um iceberg, até que outro operador sugeriu que eles tentassem o novo "SOS" também.
Entretanto, o uso do sinal "SOS" foi oficialmente descontinuado em 1° de janeiro de 1998, para dar lugar aos modernos sistemas de comunicação via satélite e uso de mensagens de voz, ao invés de código Morse. Curiosamente, na exata noite do último dia de uso do código, um navio em situação de emergência transmitiu o velho sinal.
O MV Oak estava transportando madeira do Canadá para o porto britânico de Liverpool quando começou a perder potência no motor e a carga começou a se deslocar perigosamente, em decorrência de uma tempestade. Foi assim que em 31 de dezembro de 1997 o navio transmitiu último "SOS" dos 90 anos de história desse sinal.
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