Se alguém pedisse que você citasse o vírus mais mortal do mundo, as chances seriam pequenas de que dissesse o da raiva. A única razão pela qual não pensamos no lissavírus como temível é que fizemos um bom trabalho isolando as pessoas, vacinando nossos animais e usando o tratamento vacinal imediatamente após ser mordido por um animal. Nomeado em tributo a Lyssa, a deidade grega associada com a loucura, raiva e frenesi, o lissavírus vem nos assombrando há pelo menos 4.200 anos cuja primeira menção de morte por mordida de cão pode ser rastreada nas leis de Eshnunna da Mesopotâmia, datadas de 2200 a.C. |
O vírus ARN de cadeia negativa, cuja espécie mais famosa é o vírus da raiva, que desata a hidrofobia, uma das doenças historicamente mais temidas da humanidade. Pode infectar todos os animais de sangue quente, dentre estes preferindo os mamíferos e, nestes, dos quirópteros e carnívoros.
Os seres humanos, mamíferos e vertebrados servem como hospedeiros naturais a esses vírus que são transmitidos pela saliva, principalmente por mordida. Atualmente, existem 17 espécies neste gênero, mas o vírus da raiva clássico é prevalente na maior parte do mundo e pode ser transportado por qualquer mamífero de sangue quente.
Os outros lissavírus têm muito menos diversidade de portadores. Apenas hospedeiros selecionados podem carregar cada uma dessas espécies virais. Além disso, essas outras espécies são particulares apenas a uma área geográfica específica. Os morcegos são conhecidos por serem um vetor animal para todos os lyssavírus identificados, exceto o vírus Mokola.
Se o lissa chegar ao cérebro sem tratamento, o portador está perdido. E é uma maneira horrível de morrer. Só para que se tenha uma ideia, no Brasil, no período compreendido entre 2010 a 2021, foram registrados 39 casos de raiva humana, com apenas 2 sobreviventes. Desses casos, 21 tiveram o morcego como animal agressor, 9 por cães, 4 por macacos, 4 por felinos e em um deles não foi possível identificar o animal.
Foi por causa do lissavírus, que na década de 1970, choveram milhares de cabeças de galinha no céu na Europa, deixando raposas e outros animais selvagens confusos, mas muito felizes. Por quê? Elas foram preenchidos com uma vacina para combater o vírus mais mortal conhecido pela humanidade, desde a década de 1930. Uma epidemia de raiva varreu as populações de animais selvagens na Europa e os humanos queriam finalmente se livrar do vírus de uma vez por todas.
No vídeo acima o coletivo Kurzgesagt explica como o lissa funciona dentro do corpo, quer esse corpo pertença a um animal selvagem ou a uma pessoa. Ele pode transformar animais em bestas raivosas e humanos em zumbis que temem a água -daí o nome popular hidrofobia-. Mas o que torna o lissavírus fascinante não é apenas o quão bizarro e mortal é sua infecção, mas também o quão incrivelmente bom ele é para evadir nossas defesas.
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