O Índio do Buraco, o último indígena de uma etnia desconhecida que vivia em isolamento voluntário no Brasil, foi encontrado morto na semana passada, informaram autoridades neste fim de semana. A informação foi divulgada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que o acompanhou por 26 anos e o protegeu por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé, em Rondônia. Seu nome, sua tribo e a língua que ele falava morreram com o apelidado nas redes sociais de homem mais solitário do mundo. |
Também conhecido como "Índio Tanaru", nome de um rio e de uma reserva indígena estabelecida em 2005, ele foi o único sobrevivente de sua comunidade de etnia desconhecida. Acredita-se que seus companheiros tenham sido mortos durante um ataque de fazendeiros em 1995.
A conselheira da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Walelasoetxeige Paiter Bandeira Suruí, conhecida como Txai Suruí, escreveu em sua conta no Twitter que a morte do Índio do Buraco foi "mais um genocídio no Brasil" e a catalogou como um "símbolo da resistência porque se recusou até seus últimos dias a ter contato com não indígenas".
O corpo foi encontrado em sua rede, dentro de sua cabana na referida reserva indígena, no dia 23 de agosto. O achado ocorreu durante a rodada de monitoramento e vigilância territorial feita pela equipe da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) e a Coordenação Geral de Índios Isolados e Contatos Recentes (CGIIRC, por suas siglas em português).
Conforme relatado, não havia vestígios da presença de pessoas na área, nenhuma marca foi detectada na floresta durante a trajetória e não havia sinais de violência ou luta. Da mesma forma, os pertences, utensílios e objetos habitualmente utilizados pelos indígenas permaneciam em seus locais correspondentes.
Dentro da choça, que foi numerada pela Funai como número 53, havia dois fogões. O padrão arquitetônico da moradia do Índio do Buraco apresentava uma única porta e um buraco no interior da casa. Segundo o ativista indígena Altair José Algayer esse tipo de buraco pode ter "um valor místico para os indígenas, já que esta não foi a primeira cabana dele encontrada com um buraco dentro -daí seu nome-.
A perícia realizada no local onde ocorreu o óbito foi realizada pela Polícia Federal e pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC). Drones e um scanner 3D também foram usados. No local foram recolhidos vestígios e o corpo da vítima, que serão analisados pelo INC.
Em 2018, uma agência brasileira capturou imagens únicas do Índio do Buraco que foram veiculadas por diferentes meios de comunicação. O registro mostrava um homem vigoroso na casa dos 50 anos, vestido com uma tanga, cortando algumas árvores com um facão.
Conforme relatado na ocasião, ele caçava porcos selvagens, pássaros e macacos com arco e flecha e armadilhas.
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