Arqueólogos pedem à Unesco que proteja a Hagia Sophia

Arqueólogos gregos estão pedindo à Unesco que proteja a Hagia Sophia, o local religioso e cultural em Istambul, na Turquia, que tem quase 1.500 anos. A Grande Mesquita de Santa Sofia, um dos locais turísticos mais populares da Turquia, é Patrimônio Mundial da Unesco desde 1985. No entanto, nos últimos anos, o edifício da era bizantina sofreu um aumento substancial de vandalismo e danos. Sem contar que desde 2020, ela perdeu seu status de museu, permitindo que fosse usada como uma mesquita.

Escrevendo em uma carta aberta à diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, na semana passada, membros da Associação de Arqueólogos Gregos pediram à organização que interviesse com força para reverter a situação atual.

Nos últimos anos, afirmam os arqueólogos, os administradores do sítio histórico permitiram que um "fluxo descontrolado de visitantes" entrasse no prédio sem controle, sem levar em conta o significado artístico e histórico da instalação.

- "As folhas da porta de madeira otomana do Portão Imperial foram danificadas, os revestimentos das paredes foram raspados e removidos, fontes e portas foram usadas para guardar sapatos, lajes de mármore foram destruídas", escrevem os arqueólogos na carta. - "Os mosaicos bizantinos únicos permanecem cobertos e invisíveis. A supervisão arqueológica ficou do lado de fora do monumento."

A carta faz referência a um punhado de incidentes que chegaram às manchetes após a decisão judicial de 2020. No início deste verão, equipamentos de limpeza pesados racharam o piso de mármore da Basílica de Santa Sofia. E antes disso, em abril, um grupo de historiadores de arte turcos twittou uma foto mostrando danos no Portão Imperial de 7 metros do prédio.

A menos que alguém intervenha, os arqueólogos veem perspectivas sombrias à frente para a Hagia Sophia, escrevem na carta.

Construído entre 532 e 537 sob a direção de Justiniano I, o edifício serviu como uma catedral cristã, a maior do mundo, por mais de 900 anos. Em 1453, quando o Império Otomano capturou Constantinopla, o local tornou-se uma mesquita. Mais tarde, em 1935, o líder turco Mustafa Kemal Atatürk o designou como museu.

O esforço para tirar o status de museu da Basílica de Santa Sofia começou em 2005, quando os defensores fizeram uma petição ao alto tribunal administrativo do país. O tribunal finalmente concordou com os peticionários, abrindo a Basílica de Santa Sofia para os fiéis e entregando a administração do local do Ministério da Cultura da Turquia ao departamento de assuntos religiosos do país.

Na época da decisão, a Unesco emitiu um comunicado dizendo que lamentava profundamente a decisão de mudar o status da Hagia Sophia. Como Kristin Romey escreveu para a National Geographic em 2020, qualquer tentativa de modificar um Patrimônio Mundial requer notificação prévia da Unesco, bem como uma revisão pelo Comitê do Patrimônio Mundial.

- "Hagia Sophia é uma obra-prima arquitetônica e um testemunho único das interações entre a Europa e a Ásia ao longo dos séculos", disse Audrey na declaração de 2020 da Unesco. - "Seu status de museu reflete a natureza universal de seu patrimônio e o torna um poderoso símbolo de diálogo."

Mas mesmo antes da decisão de 2020, os conservacionistas estavam preocupados com o destino da Hagia Sophia, que lutava para obter financiamento consistente para o trabalho de preservação. Também está situado no topo de uma falha, de modo que um terremoto ou tremor pode causar sérios danos ao local.

- "Hagia Sophia é uma estrutura incrivelmente complexa. Há o telhado, o trabalho em pedra, mármore, mosaicos, pinturas", disse Audrey. - "Nós nem sabemos tudo o que está em jogo lá. Mas sabemos que isso requer atenção contínua e vigilante."

Hagia Sophia é um edifício absolutamente único, um monumento chave na história da arquitetura e um símbolo chave da cidade de Constantinopla até o nosso tempo.