A arte de forjar facas na província de Tottori, Japão

Desde tempos imemoriais, o forjamento de ferro prosperou no oeste de Honshū, a maior das ilhas do arquipélago japonês, graças à areia de ferro de alta qualidade disponível lá. Hoje, em uma região anteriormente conhecida como Inaba, ainda existem ferreiros que usam técnicas tradicionais de longa data. O carvão vegetal, indispensável para forjar ferro, é abundantemente disponível nas montanhas da província de Tottori. A silvicultura nesta região também utilizava ferramentas de ferro, de modo que o trabalho dos ferreiros e cuteleiros estava intimamente ligado ao cotidiano da população local.

Graças à areia de ferro satetsu encontrada na região, a província tem uma longa história de forjamento de ferro. Os meticulosos artesãos de metalurgia de hoje continuam a aderir a essas antigas tradições para forjar talheres.

A lâmina de uma faca é feita de dois materiais: aço e ferrite. O sanduíche de aço duro entre ferrite macia garante uma faca resistente e macia. O aço e o ferrite são amolecidos por aquecimento em fogo de carvão e depois batidos usando um martelo elétrico mecânico para torná-los facilmente trabalháveis.

O calor é usado para cortar um sulco profundo em um pedaço de ferrite; um pedaço de aço pré-moldado é encaixado nesta ranhura. A areia de ferro é usada para aderir os dois metais. A peça combinada é aquecida e alongada em forma de faca batendo com um martelo. O processo de soldagem afia a aresta de corte e a lombada a um grau invisível aos olhos. Bater o metal reduz o tamanho das partículas, o que aumenta a resistência da faca.

A peça é então cortada conforme o desenho, e submetida a um processo de intenso aquecimento e resfriamento para temperar o metal. Afiação e cabo de madeira da marca completam a faca.

As facas são feitas com atenção meticulosa aos detalhes para que sejam fáceis de segurar, façam o som certo ao cortar alimentos e até produzam uma boa textura de corte. Estas facas podem ser apreciadas usando todos os cinco sentidos.