A partir da era vitoriana, os orgasmos medicamente induzidos nas mulheres eram praticados como uma cura legítima para o que era então chamado de histeria feminina: caracterizada por ansiedade, desejo sexual, insônia, retenção de líquidos, peso no abdômen, espasmos musculares, irritabilidade e perda de apetite. Segundo a historiadora Rachel Pearl Maines, as mulheres solteiras iam aos médicos que provocavam o orgasmo manualmente através de massagens pélvicas, sem que isso fosse considerado erótico ou sexualmente estimulante, até que a criação do vibrador mudou o orgasmo feminino para sempre. |
Após a Revolução Industrial Ocidental, os médicos começaram a usar máquinas elétricas na medicina, incluindo o vibrador médico, que os pesquisadores teorizam que era usado para levar as mulheres a um paroxismo histérico de forma mais eficiente, o antigo termo médico para um orgasmo feminino.
No desfile de conveniências modernas, veio pela primeira vez a máquina de costura elétrica em 1889, seguida pelo ventilador, a chaleira, a torradeira e, em 1902, o vibrador. Muitos vinham embalados em estojos forrados de veludo que não ficariam deslocados no boudoir de nenhuma dama.
- "Todo o prazer da juventude pulsará dentro de você", dizia um anúncio típico da época.
Por mais absurdo que pareça, até a década de 1920, médicos de todo o mundo usavam o termo "histeria" como um diagnóstico médico para mulheres que apresentavam uma variedade de sintomas e comportamentos.
Pesquisadores descobriram a primeira menção de doenças específicas para mulheres em textos médicos egípcios antigos de cerca de 2.000 a.C. O filósofo grego Hipócrates foi um dos primeiros a mencionar a histeria em relatos médicos ginecológicos.
Na mesma época, o filósofo grego Platão escreveu que a histeria era causada pelo fato das mulheres não terem filhos, afirmando que um útero sem filhos ficava angustiado e se movia por todo o corpo, causando problemas de saúde.
Muitas pessoas nas primeiras sociedades acreditavam que o útero de uma mulher vagava por todo o seu corpo, causando uma variedade de problemas médicos ao fazer contato com outros órgãos como pulmões, fígado e cérebro.
Alguns médicos basearam suas teorias da histeria feminina na teoria do útero errante e prescreveram tratamentos médicos, incluindo casamento, sexo heterossexual, gravidez, aplicação de óleos de cheiro agradável nos genitais femininos e estimulação vaginal externa com a ideia de que os tratamentos ancorariam o útero de volta em sua devida localização na pelve.
Foi ai que chegou o vibrador medicinal para colocar o "travesso" do útero no lugar dele. Mas no final da década de 1920, os filmes pornográficos começaram a apresentar vibradores medicinais em um contexto sexual e, segundo Rachel, tornavam os vibradores socialmente inaceitáveis.
A partir daí, as revistas não aceitavam mais anúncios de vibradores por medo de violar as leis anti-obscenidade, e as mulheres ficaram relutantes em comprá-los por causa desse estigma sexual recém-realizado.
Na maior parte, o design do vibrador permaneceu invariável, embora alguns modelos adicionassem uma variedade de pontas removíveis para proporcionar sensações variadas ou evitassem a alça para uma forma mais compacta que se encaixasse com segurança na palma da mão de uma mulher.
Na década de 1950, os vibradores eram frequentemente alojados em estojos de plástico rígido ou vinil, como toca-discos portáteis da época, com mostradores e controles de aparência científica dentro.
Como no caso do fictício Rejuvenator, esses vibradores da era Eisenhower foram anunciados como "auxiliares de redução", embora seja improvável que muitas mulheres tenham objetado quando não conseguiram perder peso.
O Museu Good Vibrations do Vibrador Antigo em San Francisco exibe alguns modelos desses anos perdidos. A Massagem Magnética, por exemplo, foi apontada como um meio de obter uma pele saudável, cabelos brilhantes e um pescoço e queixo tensos. O pacote apresenta vários desenhos de uma jovem usando o dispositivo de várias formas todos com segurança ao norte de sua clavícula.
Depois de 1952, as revisões da Associação Psiquiátrica Americana do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais removeu a histeria como um diagnóstico medicamente reconhecido para mulheres, embora os médicos continuassem a usar diagnósticos semelhantes, como transtorno de personalidade histriônica, tanto para mulheres quanto para homens no século XXI.
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