O amate é um tipo de papel que era fabricado na Mesoamérica pré-colombiana cozendo a parte interna da casca de algumas espécies de figueiras. O papel amate tinha usos religiosos e seculares, e era pintado com pincel e enrolado ou dobrado para poder ser guardado. Foi usado como um material básico por várias culturas mesoamericanas na produção de livros, incluindo os códices maias e os códices astecas. Um dos exemplos mais notórios que sobreviveu ao fanatismo de queima de livros dos saqueadores espanhóis é o Códice Maia do México. |
Também conhecido como Códice de Grolier, é o livro sobrevivente mais antigo das Américas. É um dos quatro únicos códices maias conhecidos que sobreviveram à sanha de Cortês e o único que sobreviveu aos séculos desde a conquista do continente onde foi feito. Está agora em exibição no Museu Getty, em seu primeiro retorno aos Estados Unidos desde que fez sua estreia pública no Clube Grolier, em Nova York, em 1971.
O livro foi pintado por um único artista em papel amate e depois revestido com gesso para preparar a superfície para a pintura. É pintado em apenas um lado. O texto registra os movimentos de Vênus ao longo de seu ciclo de 584 dias como a Estrela da Manhã e da Noite.
A história por trás de sua descoberta parece ficção. Envolve uma misteriosa viagem de avião para um destino sem nome em algum lugar em Chiapas, onde o códice foi vendido a um colecionador mexicano por saqueadores que alegaram tê-lo encontrado em uma caverna. Por causa de sua extrema raridade, algumas características incomuns não vistas em outros códices e uma história de achado tão implausível que faria Indiana Jones corar, o Códice de Grolier foi considerado uma falsificação.
As autoridades mexicanas restringiram o acesso ao frágil códice e os estudiosos tiveram que confiar em fotografias para estudar o livro. Em 2017, o Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH) recrutou uma equipe internacional de pesquisadores para fazer a primeira análise científica e teste do códice.
Pequenas amostras das páginas confirmaram que o papel foi feito de fibras autênticas da casca de figueira e que as bordas não foram cortadas com ferramentas de metal, então não era papel antigo que foi reutilizado por falsificadores. Uma seção de pigmento azul maia extraído de plantas índigo com uma argila local confirmou que a pintura também era antiga.
O segredo do azul maia foi perdido após a conquista espanhola e o pigmento só foi recriado sinteticamente na década de 1980. Por fim, o estudo datou o livro entre 1021 e 1154, mais antigo que os três códices maias hoje expostos (depois de roubados) em museus europeus e, portanto, o livro sobrevivente mais antigo das Américas.
O Códice Maya do México é um dos maiores e mais delicados tesouros da Biblioteca Nacional de Antropologia e História da Cidade do México. Quase nunca sai da segurança de sua sala refrigerada e bem guardada. Um ano depois de ter sido exibido pela primeira vez em público no Clube Grolier, em Nova York, em 1971, o governo mexicano confiscou o códice.
Depois disso, foi exibido exatamente duas vezes no Museu Nacional de Antropologia na Cidade do México. Não tinha ido aos Estados Unidos desde então e nunca tinha ido a Los Angeles antes de ser exibido no Museu Getty no mês passado. A exposição vai até 15 de janeiro de 2023.
Em conjunto com a exposição, o Getty criou um vídeo fascinante sobre a criação do códice com foco no tradicional ofício maia de fazer papel de amate a partir da casca das figueiras.
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