A segunda maior ave do mundo, o emu ou ema-australiana (Dromaius novaehollandiae), é bem estranha para dizer o mínimo. Elas não voam, têm pés enormes que lembram a relação evolutiva dos pássaros com os dinossauros. Seu comportamento de acasalamento e cuidado parental são ainda mais estranhos. Durante grande parte do ano, as emas costumam ser observadas com um parceiro social do sexo oposto em uma relação que parece monogâmica. Mas quando chega a época de acasalamento, ninguém mais é de ninguém: tanto os machos quanto as fêmeas acasalam com vários parceiros. |
Ademais são as fêmeas que cortejam os machos. Elas também são mais agressivas durante o período reprodutivo, muitas vezes lutando pelo acesso a parceiros, com brigas entre fêmeas sendo responsáveis por mais da metade das interações. Se a fêmea cortejar um macho que já tem uma parceira, a fêmea ocupante tentará repelir a competidora, geralmente perseguindo e chutando.
Essas interações podem se prolongar por até cinco horas, principalmente quando o macho pela qual estão lutando é solteiro e nenhuma das fêmeas tem a vantagem da incumbência. Nesses casos, elas normalmente intensificam seus chamados e exibições.
Para a maioria das aves, produzir um ovo é apenas o início dos deveres parentais da fêmea, que incluem cuidar dos ovos e, dependendo da espécie, possivelmente alimentar e cuidar dos filhotes. Não é assim para os emus: uma vez que a fêmea põe os ovos, suas responsabilidades para com a ninhada estão completas, mas o trabalho do macho está apenas começando. Os emus são realmente únicos porque têm cuidado parental exclusivo dos machos, o que é verdade apenas para cerca de 2% das espécies de aves.
Cuidar do ninho é um grande investimento para um pai emu. Ele raramente come ou bebe durante esse período, só se levanta para virar os ovos e pode perder até metade de seu peso corporal. Além disso, como machos e fêmeas acasalam com múltiplos parceiros, e porque as fêmeas podem botar ovos em vários ninhos diferentes, muitos desses ovos nem mesmo serão relacionados ao macho que cuida do ninho.
Um estudo descobriu que cerca de metade dos filhotes que o macho acaba criando não são realmente parentes dele. É realmente fascinante para uma ave chocar um ovo por dois meses e depois cuidar desse filhote por 18 meses com a possibilidade de que nem seja seu bebê.
O número de ovos de emu por ninhada varia de alguns a dezenas e cada ovo pesa mais de meio quilo. A primeira ocorrência verificada de gêmeos aviários geneticamente idênticos foi demonstrada no emu. A superfície do ovo é granulada e verde clara. Durante o período de incubação, o ovo fica verde escuro, embora, se o ovo nunca eclodir, ficará branco com o efeito de clareamento pelo sol.
Existem poucos predadores naturais nativos de emus. O principal predador hoje é o dingo, que tenta matar a ave atacando seu pescoço e quase sempre acaba levando uma surra. O emu normalmente repele o dingo saltando no ar e, na descida, chuta ou pisa no canídeo. O emu consegue saltar enquanto o dingo mal tem a capacidade de pular alto o suficiente para ameaçar seu pescoço, então um pulo no momento correto para coincidir com a estocada do dingo pode manter sua cabeça e pescoço longe do perigo.
A águia-audaz é a única ave de rapina capaz de atacar emus adultos, embora tenha mais sucesso em capturar espécimes pequenos ou juvenis. As águias atacam emus descendo rapidamente e em alta velocidade, mirando na cabeça e no pescoço. Nesse caso, a técnica de salto do emu empregada contra o dingo não é útil.
As águias tentam mirar o emu em terreno aberto para que ele não possa se esconder atrás de obstáculos. Nessas circunstâncias, resta ao emu correr de maneira caótica e mudar de direção com frequência para tentar escapar do predador. Outros rapinantes, varanos-gigantes, raposas-vermelhas introduzidas, dingos e porcos selvagens ocasionalmente se alimentam de ovos de emu ou matam seus filhotes pequenos.
Emus são aves curiosas e são conhecidas por se aproximarem de humanos se virem o movimento inesperado de um membro ou peça de roupa. Isso fez delas uma alvo fácil quando ainda eram caçadas por aborígenes e por colonos europeus. Na década de 1960, recompensas ainda eram pagas na Austrália Ocidental por matar emus, mas desde então, emus selvagens receberam proteção formal sob a Lei de Proteção Ambiental e Conservação da Biodiversidade.
Sua faixa de ocorrência é entre 4.240.000 e 6.730.000 km2, e um censo de 2010 sugeriu que sua população total estava entre 630.000 e 725.000. Sua tendência populacional é considerada estável e a União Internacional para a Conservação da Natureza avalia seu estado de conservação como sendo de menor preocupação.
No final de 1932, mais de 20.000 emus migraram para o oeste da Austrália Central em busca de água e acabaram arrasando plantações de trigo no processo. O governo não teve ideia melhor do que eliminá-las, naquela que ficou conhecida como a "Guerra das Emas".
Adversárias astutas, as emas se mostraram quase impossíveis de serem atingidas com fogo de metralhadora, e pareciam capazes de se livrar de ferimentos graves causados por balas sem perder o passo, nas raras ocasiões em que eram atingidas. Dentro de uma semana do primeiro contato, as tropas foram chamadas de volta.
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