Em "Jurassic Park", enquanto o programador de computador Dennis Nedry tenta contrabandear embriões de dinossauros para fora da ilha, ele é atacado e morto por um dinossauro de tamanho médio que ergue um assustador e espetacular colar no pescoço. Este dinossauro fictício é claramente inspirado em um animal real conhecido como lagarto-de-gola ou lagarto-dragão-australiano (Chlamydosaurus kingii), que vive hoje no norte da Austrália e no sul da Nova Guiné. Esses lagartos têm um grande disco de pele que fica ao redor da cabeça e do pescoço. |
Esse babado geralmente é dobrado contra o corpo, mas pode se espalhar de maneira espetacular para assustar predadores e competidores. A dobra dos lados esquerdo e direito do babado ocorre em três cristas pré-formadas. Mas ainda não está claro qual estrutura ancestral evoluiu para se tornar a gola do dragão e como as cristas se formam durante o desenvolvimento.
Quando ameaçado, ele abre um babado alaranjado, estilo Drácula, de até 30 centímetros de diâmetro, que normalmente fica plano ao redor de seus ombros. A pele é esticada sobre vários ossos em forma de bastão conectados ao hióide, ou osso da língua, e se o lagarto abre suas mandíbulas repentinamente, esses ossos se espalham, esticando a pele e erguendo o folho. O animal também sibila alto para garantir que se pareça um tipo fódão e amedrontador.
Mas é tudo blefe, pura encenação. Ele prefere ficar com esse bocão aberto tentando infligir medo e dicilmente morde, ainda que sua mordida seja dolorosa. O lagarto-de-gola é na verdade um tímido comedor de insetos que passa a maior parte do tempo se escondendo em eucaliptos. Caso seu impedimento falhe, o lagarto o persegue, erguendo-se sobre fortes membros posteriores em uma corrida bípede como um velociraptor em miniatura.
Estas exibições defensivas que dependem de assustar ou confundir um predador são conhecidas como "deimáticas", mas os lagartos machos também usam seu babado sofisticado em encontros agressivos com sua própria espécie. Em 2013, os pesquisadores relataram que os machos com os babados laranjas mais brilhantes eram muito mais propensos a dominar os rivais mais pálidos, vencendo 90% das lutas.
Uma equipe multidisciplinar liderada por Michel Milinkovitch, professor do Departamento de Genética e Evolução da Faculdade de Ciências da Universidade de Genebra, demonstrou que o folho do dragão, assim como os ossos e cartilagens que o suportam, desenvolvem-se a partir dos arcos branquiais.
Trata-se de uma série de bandas de tecido no embrião que evoluíram para se tornarem os suportes branquiais dos peixes e que agora dão origem a múltiplas estruturas na orelha e no pescoço dos vertebrados terrestres. Na maioria das espécies, o segundo arco branquial acabará por se fundir com os arcos atrás dele. Mas no lagarto-de-gola, esse arco continua a se expandir, levando à formação do babado espetacular do animal.
- "Essas mudanças no desenvolvimento dos arcos branquiais destacam como a evolução é capaz de se 'reciclar'", disse Michel.
À medida que o babado se desenvolve, a parte frontal da pele forma três dobras sucessivas, que constituem as cristas pré-formadas. Estudando a formação dessas cristas, a equipe suíça revelou que elas não surgem do aumento do crescimento nos locais de dobramento, mas de forças físicas, em que o crescimento do babado é limitado por sua ligação ao pescoço.
Isso faz com que a camada superior entorte, criando as dobras do folho. Em seguida, simularam esse processo em um modelo de computador e descobriram que poderiam rastrear como as dobras se desenvolvem nos folhos dos embriões de lagartos reais.
Esses resultados fornecem mais evidências de que processos físicos, bem como programas genéticos, podem moldar tecidos e órgãos durante o desenvolvimento de um embrião.
O lagarto se aventura no chão apenas em busca de comida ou para se envolver em conflitos territoriais. O habitat arbóreo pode ser um produto da dieta do lagarto, que consiste principalmente de insetos, pequenos artrópodes e vertebrados. No entanto, as árvores são usadas principalmente para camuflagem.
Os principais predadores da espécie são águias, corujas, cobras, dingos, quolls e lagartos maiores, como os Varanus. O estado de conservação do lagarto-dragão-australiano é considerado pouco preocupante na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
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