O rosto do faraó Ramsés II foi reconstruído digitalmente

O rosto do faraó Ramsés II, o Grande, no final de sua vida e no auge de seu reinado foi reconstruído digitalmente. Os pesquisadores criaram dois retratos realistas de Ramsés II usando uma tomografia computadorizada de sua múmia como ponto de partida. Os dados coletados na tomografia foram então usados para criar um modelo virtual 3D do crânio de Ramsés e um software forense foi usado para reconstruir o rosto do faraó como ele era quando morreu aos 90 anos e quando tinha aproximadamente 45 anos no auge de seu reinado da XIX dinastia egípcia.

Ramsés II nasceu por volta de 1303 a.C. e tinha apenas 24 anos quando seu pai, Seti I, morreu tornando-o faraó. Ele reinou por 66 anos, um rei guerreiro que ampliou o império do Egito e construiu ou expandiu alguns de seus monumentos mais importantes, incluindo o Templo de Karnak. Sua múmia foi descoberta em 1881 e agora está no Museu Nacional da Civilização Egípcia, no Cairo.

O professor de radiologia da Universidade do Cairo e especialista em múmias Sahar Saleem, que em 2019 usou tomografias computadorizadas e software de imagem digital para desembrulhar virtualmente a múmia do faraó Amenhotep I, trabalhou com a Face Lab da Universidade John Moores, em Liverpool, um grupo de pesquisa multidisciplinar que usa técnicas forenses para recriar o rostos de figuras históricas com a maior precisão possível de caveiras, máscaras mortuárias ou retratos.

Seus modelos variam de notáveis como o rei Ricardo III e Robert the Bruce a completos desconhecidos como a múmia Goucher e uma mulher norueguesa medieval. Para a última reconstrução facial, Sahar fez um modelo virtual tridimensional da cabeça e do crânio do faraó a partir dos dados de tomografia computadorizada -efetivamente, milhares de raios-X reunidos em uma imagem 3D- que Caroline Wilkinson, diretora do Face Lab, usou para reconstruir seu rosto com software de computador utilizado em investigações criminais.

Em seguida, Caroline usou técnicas de imagens geradas por computador para adicionar texturas de pele, olhos e cabelos, com base no que Sahar relatou que seria comum entre os egípcios na época -o que mostrava como o faraó parecia quando morreu- e finalmente usou o software de regressão de idade para mostrar como ele provavelmente parecia décadas antes.

Caroline explicou que o campo de estimar o rosto de alguém a partir de seu crânio é dominado por duas abordagens: "aproximação facial", que usa dados médios, modelos e perfis biológicos para produzir um rosto "médio", que pode resultar de vários crânios diferentes; e "reconstrução facial", uma tentativa mais detalhada de determinar a aparência de uma certa pessoa, com base em padrões anatômicos, medidas e análises morfológicas. Um termo relacionado é "representação facial", que adiciona cores e texturas, disse ela.

Nesse caso, a equipe usou a abordagem mais detalhada. O rosto de Ramsés II foi produzido usando reconstrução facial 3D e, em seguida, um processo de representação facial 3D.

O resultado foi um retrato do faraó Ramsés II descrito como "bonito" por Sahar, de fato, o faraó tem sido frequentemente retratado em adaptações literárias e cinematográficas, inclusive no filme de 1956 "Os Dez Mandamentos", personificado pelo ator russo Yul Brynner (acima).