Em 25 de agosto de 1835, o primeiro de uma série de artigos de primeira página foi publicado no Sun, um jornal de dois anos na cidade de Nova York. O assunto era Sir John Frederick William Herschel, um dos cientistas mais respeitados de sua época, especialmente no campo da astronomia. Ele já havia identificado e nomeado sete luas de Saturno e quatro de Urano, e havia recebido inúmeros prêmios por seu trabalho, incluindo o título de cavaleiro britânico. A informação para o artigo vinha do Edinburgh Journal of Science, escrito por Dr. Andrew Grant. |
Andrew recentemente tinha acompanhado Herschel à África do Sul, onde eles mapearam os céus do Hemisfério Sul. Para fazer o trabalho adequadamente, Herschel construiu um enorme telescópio que operava "com um princípio inteiramente novo". Era tudo muito científico e complicado.
O primeiro artigo não revelou muito, mas nos seis dias seguintes os leitores receberam notícias surpreendentes. No decorrer de suas investigações com o novo dispositivo, Hershel apontou seu novo telescópio para a lua. O telescópio era tão poderoso que olhar através dele era quase como estar na superfície lunar, permitindo a Herschel fazer uma descoberta surpreendente: a lua fervilhava de vida. E não apenas plantas, havia animais correndo por todo o lugar.
A vida extraterrestre era um tema quente no início de 1800. Os telescópios estavam ficando maiores e os astrônomos descobriam cada vez mais estrelas, luas, planetas, cometas, nebulosas, etc. Junto com essas descobertas, algumas afirmações, às vezes de astrônomos respeitados, de que era apenas uma questão de tempo até que a vida fosse descoberta em outros planetas.
Ao longo dos seis dias, os leitores do Sun aprenderam ainda mais novas informações sobre a lua. Alguns exemplos: a superfície lunar era coberta por florestas, lagos, rios e mares, habitada por criaturas esféricas que rolavam pelas belas praias, unicórnios azuis que vagavam pelas montanhas e castores bípedes que viviam em cabanas e usavam o fogo.
Mas havia uma afirmação ainda mais bizarra: existiam humanóides inteligentes na lua, com cerca de um metro e meio de altura, amplamente cobertos de pelos, com rostos que eram uma ligeira melhoria em relação ao de um grande orangotango. E eles tinham asas. Eles passavam o tempo voando, comendo frutas, tomando banho e conversando uns com os outros. Herschel deu a eles o nome científico Vespertilio-homo.
Os artigos causaram sensação. Jornais de toda a América os reimprimiram sem levantar questões. O New York Times chamou as informações que continham de "prováveis e possíveis"), e o Sun instantaneamente se tornou o jornal mais vendido do país. Para lucrar ainda mais com a "febre da lua" que eles começaram, o Sun até reimprimiu a história em forma de panfleto, junto com esboços das espécies lunares recém-descobertas, e vendeu milhares deles também.
Nas semanas seguintes, a história se espalhou pela Europa, onde teve o mesmo sucesso que teve na América. Mas as dúvidas sobre a história também cresciam. Por fim, chegou à África do Sul... e a Sir John Herschel. Ele, é claro, negou as informações imediatamente. E descobriu-se que o Edinburgh Journal of Science, já nem existia tampouco um homem chamado Andrew Grant. "A Grande Farsa da Lua", como ficou conhecido, havia acabado.
A verdade sobre a origem da farsa permanece um mistério. A maioria dos relatos diz que a história foi escrita pelo repórter Richard Adams Locke, educado em Cambridge, e que ele fez isso como uma sátira para zombar do público crédulo e de "cientistas" como Thomas Dick, que fez afirmações malucas baseadas em nada além de especulação.
Richard nunca admitiu publicamente ter escrito os artigos, embora existam alguns relatos críveis dele confessando posteriormente a autoria em particular.
Herschel disse mais tarde que achou a farsa hilária... à princípio. Mas ficou irritado por ter que responder a perguntas sobre o "povo da lua", que continuaram por anos depois. O Sun nunca publicou uma retratação para a história e nunca admitiu que era uma farsa. Em 1836, ele tinha uma circulação de 20.000 exemplares diários e era o maior jornal do mundo.
Richard Adams disse certa vez que ficou chocado com o fato dos leitores terem levado aquela bizarrice a sério, mas como aprendemos muitas vezes desde então, as pessoas acreditam no que querem acreditar.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Povo sedento por uma fake newszinha...