Quase todas as casas medievais da Europa costumavam ter uma lareira, ou ao menos uma grande fogão de lenha, onde o fogo era mantido o tempo todo para conservar os ocupantes aquecidos e também para assar e cozinhar alimentos. A lareira era parte integrante de uma casa e geralmente colocada centralmente para que os membros da família pudessem se amontoar em torno dela durante o inverno. Apesar de ser um elemento tão importante da casa, a lareira apresentava sérios riscos de incêndio, pois a maioria das habitações, mesmo as de classe alta, eram construídas em madeira. |
Um sono de toque de recolher em Leadhills, Lanarkshire, Escócia.
A fim de evitar que o fogo em uma lareira sem vigilância saísse do controle e ateasse fogo acidentalmente a uma casa, as pessoas eram incentivadas a cobrir o fogo com cinzas ou um utensílio de metal antes de se deitar para dormir. Outro problema adjacente era a possível queima do oxigênio levando toda a família a ser sufocada.
Para lembrar as pessoas dessa etapa crucial, as igrejas começaram a tocar um sino em uma hora predeterminada à noite. Isso era conhecido como toque de recolher. Se não houvesse por perto uma igreja com campanário, um grande mastro com sino era instalado em local elevado e uma pessoa ficava incumbida de tocá-lo todos os dias geralmente as oito da noite.
Diz-se que a lei do toque de recolher foi estabelecida pela primeira vez pelo rei Alfredo, o Grande, no século IX, como uma medida de precaução para evitar o surgimento de conflagrações destrutivas. A intenção não era apagar completamente o fogo, mas apenas abafá-lo.
O procedimento usual era, ao som do toque de recolher, retirar toras acesas do centro da lareira ou do fogão e as cinzas quentes varridas para trás e para os lados. As cinzas frias eram então varridas de volta ao fogo para cobri-lo. As cinzas então continuavam queimando, dando calor sem fogo vivo. O fogo poderia ser facilmente reacendido na manhã seguinte simplesmente adicionando toras de volta e permitindo que o ar saísse pelas cinzas.
Depois que Guilherme, o Conquistador, invadiu a Inglaterra, ele achou a lei do toque de recolher uma ferramenta conveniente para manter os anglo-saxões sob controle. O toque de recolher passou a ser compulsório ao proibir o uso de fogueiras após o toque de recolher, ele descobriu que podia impedir que forças rebeldes se movimentassem à noite, fazendo associações e organizando conspirações.
= "Entre o crepúsculo da tarde e o cinza antes do amanhecer mal se distinguem as paredes das casas, pois não há iluminação na cidade medieval como dissemos", escreveu o historiados medieval Arsenio Frugoni. - "À noite, as entradas para os bairros perigosos são bloqueadas, correntes são esticadas ao longo do rio para evitar um ataque surpresa de invasores bárbaros que vêm rio acima, e os portões da cidade são bem trancados. A cidade é como uma grande casa, com tudo bem protegido."
A palavra inglesa curfew (toque de recolher) tem origem no antigo francês carre-feu ou cerre-feu , que mais tarde evoluiu para couvre-feu na língua normanda após a conquista dos ingleses. Cada um desses termos significa "cobrir o fogo". Havia até um utensílio conhecido como couvre-feu (abaixo), uma espécie de escudo que se servia para ser colocado sobre o fogo quando o sino tocava. Normalmente só era encontrado em casas de ricos.
Durante o governo dos reis Guilherme I e Guilherme II, o toque de recolher foi imposto estritamente também. Mas o sucessor de Guilherme II, Henrique I, relaxou o toque de recolher e a proibição absoluta de luzes após o toque do sino do toque de recolher foi abolido.
A prática de tocar um sino em uma hora fixa à noite, no entanto, sobreviveu e continuou até o século 19 em muitas vilas e cidades britânicas, especialmente no norte da Inglaterra. Embora nessa altura já tivesse deixado de ter qualquer estatuto jurídico.
A tradição ainda é praticada na cidade de Sandwich, Kent, onde um toque de recolher conhecido como "Pig Bell" é tocado às 20h todas as noites na Igreja de São Pedro. Em Ruthin em Denbighshire, o costume caducou na década de 1970, mas foi revivido em 2020, depois que os sinos da Igreja de São Pedro foram restaurados.
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