Conheça o incrível besouro-trilobita do sudeste da Ásia

Se você gosta de insetos estranhos, delicie-se com o mais estranho de todos: o besouro-trilobita (Platerodrilus ruficollis), uma criatura que parece estar mais em casa com os dinossauros do que com as florestas dos dias atuais. Encontrado no Sudeste Asiático e na Índia, esses besouros peculiares não são parentes dos trilobitas do período Paleozoico, mas receberam o nome deles, por causa de seus corpos com armaduras semelhantes e cabeças semelhantes a capacetes. E seus olhares estranhos são apenas o começo. Seus hábitos de acasalamento são tão misteriosos que mantiveram os cientistas em dúvida por mais de dois séculos.

Descobertos pela primeira vez em 1800, os besouros-trilobitas pertencem à família dos licídio, comumente referidos como besouros com asas em rede. Uma característica importante de muitas espécies de besouros com asas em rede é que seus machos e fêmeas parecem totalmente diferentes.

E essa é a coisa mais confusa sobre os besouros-trilobitas: cada indivíduo que se parece com um trilobita é uma fêmea. Essa forma é realmente mantida desde quando eram larvas, então as fêmeas mudam muito pouco desde quando eclodem de seus ovos.

Mas os machos são diferentes, eles basicamente se parecem com besouros comuns (abaixo), com corpos longos e alados e um par de antenas grossas. Besouros-trilobitas machos raramente são vistos e eles tendem a alcançar apenas cerca de 5 milímetros de comprimento, enquanto as fêmeas podem se esticar até mais de 6 centímetros.

Portanto, se os besouros-trilobitas machos se parecem com todos os outros besouros que você pode ver escondidos na floresta, a única maneira de confirmar a aparência real de um deles é pegá-lo no ato de acasalar com uma fêmea. E nem é preciso dizer que nada nesse cenário é fácil.

Vinte anos atrás, Alvin Wong, do Departamento de Zoologia da Universidade Nacional de Cingapura, acompanhou várias fêmeas de besouros-trilobitas por dias nas florestas úmidas da Malásia e Cingapura para ver se conseguia pegar um par acasalando. Em 1996, ele finalmente viu o ato, e foi... desagradável.

Depois que o macho prendeu sua genitália longa e curvilínea ao gonóporo -apêndice especializado usado pra a cópula de alguns invertebrados, sobretudo insetos- da fêmea, eles permaneceram unidos por 5 horas. Quando eles finalmente se separaram, o macho viveu por apenas mais 3 horas antes de cair morto espontaneamente, seu propósito na vida havia se cumprido.

A fêmea colocou uma massa pegajosa de cerca de 200 ovos nas proximidades, e então caiu morta também, seu propósito na vida também cumprido. Infelizmente, Alvin relatou que nenhum de seus ovos gerou filhotes, porque não foram fertilizados adequadamente. Obrigado, natureza!

Se você está procurando por mais glória do besouro trilobita, confira este roxo brilhante acima, filmado no Laos. Não se sabe o suficiente sobre o gênero do besouro-trilobita para dizer com certeza por que esse indivíduo em particular é roxo, mas pode ter apenas trocado sua camada externa e foi capturado no breve momento antes de desenvolver um novo exoesqueleto.