A cobra-marinha-de-barriga-amarela é uma das cobras mais amplamente distribuídas no mundo

Você sabe que está fazendo a coisa certa quando é a cobra mais distribuída do mundo, com uma área que cobre todo o Indo-Pacífico tropical, a Costa Rica, o sul da Califórnia e o norte do Peru. E que tal ser a única cobra marinha do mundo a chegar às ilhas havaianas e uma das duas únicas cobras marinhas a chegar à Nova Zelândia? Você também sabe que está fazendo algo certo quando consegue sobreviver nas águas frias da costa da Tasmânia, quando eventos do El Niño ou tempestades severas o empurram para fora de temperaturas mais confortáveis nas costas leste e oeste da Austrália.

E mencionamos que é a cobra mais aquática do mundo, nunca tendo desenvolvido a capacidade de sobreviver em terra? Conheça a cobra-marinha-de-barriga-amarela (Hydrophis platurus), também conhecida como cobra-do-mar-pelágico, um sucesso evolutivo em forma de réptil com o qual você não quer mexer.

Os machos podem atingir pouco mais de 1 metros de comprimento e as fêmeas 880 milímetros, e possuem um belo ventre amarelo-dente-de-leão, contrastando com o dorso negro como breu, quase azul. Suas caudas em forma de remo, que elas usam para se impulsionar através do oceano, combinam essas duas cores em um padrão de bolinhas.

Se essas criaturas parecem intimidadoras, é porque são: as cobras-do-mar-de-barriga-amarela não têm predadores naturais e são incrivelmente venenosas, com toxina que pode danificar o músculo esquelético; infligir paralisia; causar insuficiência renal aguda; e pode ser fatal se não for tratada.

Seu veneno contém várias neurotoxinas diferentes e duas outras isotoxinas. Em sua picada ocorre a liberação de em média 90 e 100 miligramas de veneno, o suficiente para matar cerca de 100 humanos com uma única mordida.

Felizmente, esses predadores guardam seu veneno para a caça. Sua picada defensiva é quase sempre seca e não terá o impacto tóxico de uma mordida agressiva, o que é ótimo para nós, humanos, e uma má notícia para a presa da cobra-marinha-de-barriga-amarela.

Ao contrário das crenças do passado, as cobras-marinhas precisam de água doce para sobreviver e a cobra-de-barriga-amarela bebe a precipitação que se forma na superfície da água do mar. Ainda assim esta espécie sobrevive à desidratação severa de até 7 meses durante a seca sazonal.

Passando toda a vida debaixo d'água -elas comem, dormem e se reproduzem no oceano- as cobras-do-mar-pelágico se alimentam principalmente de peixes, imobilizando-os com uma mordida venenosa. "O "pesadelo" é que às vezes, elas formam grandes agregações de milhares na superfície da água em linhas de deriva oceânica, o que foi proposto como uma estratégia para capturar presas.

Mas uma subespécie descoberta em 2018 (foto abaixo) é diferente. À noite, ela ficará pendurada de cabeça para baixo em uma posição enrolada, logo abaixo da superfície da água, e atacará qualquer peixe desavisado que se aventurar abaixo.

Essa técnica de caça nunca foi vista antes em outra espécie aquática, e é exclusiva dessa subespécie estranhamente amarela, chamada Hydrophis platurus xanthos, da Costa Rica.

Embora as cobras-do-mar-de-barriga-amarela não estejam interessadas em chegar perto de um humano, às vezes elas encalham sozinhas na areia, e não conseguem se mover devido a escamas menores e a falta de prática com o terreno, e é aí que elas são mais perigosas para nós.

Porque mesmo uma fraca ou uma que parece estar morta pode atacar se você tentar movê-la. Então nunca se aproxime de uma cobra-marinha encalhada na praia. Ligue para o serviço de vida selvagem local para que eles possam colocá-la de volta na água com segurança.