Tarântula cria rãzinha como "pet", para comer insetos que comem os ovos da aranha

Microhílidas, ou rãs-de-boca-estreita, não são exatamente as superestrelas do mundo dos anuros: eles são realmente familiares apenas para especialistas, apesar de conterem mais de 570 espécies distribuídas pela África, Madagascar, Américas, e Ásia. No entanto, algumas pesquisas mais recentes sobre o grupo mostram que, como tantos animais, eles são realmente muito interessantes quando você os conhece. Você pode se surpreender ao saber que essa rãzinhas no Peru, Brasil, Índia, Sri Lanka e talvez em outros lugares desenvolveram relações próximas com grandes aranhas.

Uma das primeiras discussões publicadas sobre esse fenômeno ocorreu em 1989, quando pesquisadores observaram uma estreita associação entre indivíduos da rã Chiasmocleis ventrimaculata e a tarântula-terafósida-escavadora Xenesthis immanis, no Peru. Eles sugeriram que a aranha, bem capaz de matar e comer uma rã desse tamanho, usava pistas químicas para reconhecer os anfíbios.

Às vezes, aranhas jovens foram observadas agarrando as rãs, examinando-as com suas peças bucais e depois soltando-as ilesas. Os microhilídeos são provavelmente intragáveis devido às toxinas de sua pele, e isso pode explicar como essa associação surgiu em primeiro lugar.

A rãzinha parecia se beneficiar de viver próximo à aranha comendo os pequenos invertebrados que eram atraídos pelos restos de presas deixados pela aranha. A rã presumivelmente também se beneficia ao receber proteção: pequenos anfíbios como este são predados por cobras e grandes artrópodes, mas nesta ocasião temos uma rã que recebe uma espécie de 'proteção' de uma grande e formidável aranha guarda-costas.

Os pesquisadores sugeriram que a aranha pode se beneficiar da presença da rã criando uma relação simbiótica mutualística: os microhilídeos são especializados em comer formigas, e as formigas são um dos principais predadores de ovos de aranha. Ao comer formigas, as rãs podem ajudar a proteger os ovos da aranha. Exatamente por isso não é incomum ver uma dessas tarântulas quase sempre acompanhadas da rãzinha que, ao fim, parece um animal de estimação da aranha.