O norte da Itália tem a tradição de afogar um político no rio todos os anos

Na cidade de Trento, no norte da Itália, uma tradição anual deixa os políticos locais tremendo de medo. O Tonca é uma reencenação cômica de um antigo castigo usado do século 14 ao 17, no qual uma pessoa é colocada em uma gaiola e mergulhada nas águas geladas do Adige, o segundo maior rio da Itália. A tradição faz parte da Feste Vigiliane, uma celebração semanal que ocorre no final de junho do padroeiro da cidade, São Vigílio de Trento, terceiro bispo de Trento. Não deve ser confundido com o papa de mesmo nome.

Embora muitos provavelmente possam citar alguns políticos que gostariam de um mergulho refrescante, há um ritual tradicional na seleção de quem merece essa "honra". Antes do evento, o Tribunale di Penitenza (Tribunal de Penitência) é realizado publicamente. Este espetáculo é uma sátira cômica em que os membros do "tribunal" nomeiam pessoas e expõem seus argumentos para fazê-lo. Há um juiz, um advogado de defesa, um promotor e até alguém que faz o papel de acusado.

Embora os nomeados não sejam blasfemadores, para quem a punição original estava reservada, eles fizeram algo ao longo do ano que foi escandaloso ou digno de notícia. Muitas vezes, os políticos são indicados, mas nem sempre é o caso. Por exemplo, no ano passado, os indicados incluíram os últimos quatro presidentes da província por seu papel no atraso de um novo hospital, bem como uma enfermeira acusada de falsificar os resultados dos testes de covid-19.

E nem sempre as pessoas são punidas por ofensas graves. Dois outros políticos foram indicados no ano passado por se oporem a um show do popular cantor e compositor italiano Vasco Rossi.

O veredicto oficial do tribunal é anunciado poucos dias depois e, nessa altura, quem for considerado o pior dos piores deve ocupar o seu lugar dentro da jaula. Eles são então mergulhados cerimoniosamente no Adige três vezes, assim como no passado.

Mas não se preocupe, o ritual é apenas uma boa diversão. Por meio do humor, os locais honram seu passado e, ao mesmo tempo, responsabilizam aqueles que fizeram algo que não condiz com a forma como os locais de Trento deveriam agir.