No início deste ano, arqueólogos escavando um bloco de casas no Regio IX da cidade vesuviana descobriram um afresco que mostra um prato redondo e pastoso que lembra um dos favoritos modernos. Os pesquisadores foram rápidos em apontar que a pizza, como a conhecemos hoje, não havia sido inventada quando a pintura de 2.000 anos foi criada, embora a civilização antiga gostasse da foccacia, um pão achatado cuja massa é feita com os mesmos ingredientes da pizza, com diferentes processos de preparação tanto na diversidade de ingredientes quanto de condimentos. |
A genovesa foccacia, de fato é considerada uma prima da torta de tomate e queijo. O afresco parece mostrar este prato coberto com romã, especiarias e uma pasta feita de queijo fresco, ervas, sal, azeite e um pouco de vinagre, chamado moretum. Opcionalmente, diferentes tipos de nozes podem ser adicionados ao moretum, cujo conteúdo é esmagado em um almofariz, daí o nome.
Servida em uma bandeja de prata acompanhada de frutas secas, morangos amarelos (que eram mais comuns que os vermelhos) e um cálice cheio de vinho, a focaccia provavelmente representa um "símbolo de hospitalidade", segundo o Parque Arqueológico de Pompeia.
Essas oferendas aos convidados e clientes surgiram no período helenístico e na prática grega de Xenia, que também descreve o gênero de pinturas que retratam essa tradição.
Aproximadamente 300 afrescos de comida antiga foram encontrados em torno de Pompéia, e todas esta natureza morta foi particularmente bem executada, levando à crença de que haviam pintores dedicados somente a este tipo de arte.
Embora o trabalho ofereça informações sobre o que a civilização dali comeu, o diretor Gabriel Zuchtriegel diz que também tem implicações sobre como entendemos a evolução dos alimentos e da riqueza cultural de um momento específico da história.
- "Penso no contraste entre uma refeição modesta e simples que nos lembra uma esfera que se situa entre o pastoral e o sagrado, de um lado, e o luxo das bandejas de prata e o requinte das representações artísticas e literárias, do outro", disse ele.
A elucubração de Gabriel me faz pensar nesse assunto com implicações diretas da própria pizza, também nascida como um prato de 'pobre' no sul da Itália. Preparada com ingredientes baratos, encontrados em casa, a receita tinha o objetivo de "matar a fome", principalmente a da parte mais pobre da população. Normalmente, a massa de pão recebia, como cobertura, toucinho, peixe frito e queijo. Hoje a pizza conquistou o mundo e é servida em restaurantes com estrelas Michelin.
Esta descoberta ocorre três anos depois que os arqueólogos em Pompéia descobriram uma lanchonete impecavelmente preservada (foto abaixo) que servia peixe, aves e, claro, muito vinho, oferecendo um visão de como seria um restaurante deste tipo naquele tempo, sem o desgaste e a degradação da exposição moderna.
Depois da coleta de vestígios e de ser devidamente vistoriado, o termopólios da cidade, como eram conhecidos os estabelecimentos que vendiam bebidas e alimentos já preparados e prontos para o consumo, o foi aberto ao público em agosto de 2021, oferecendo aos visitantes e turistas um raro vislumbre da vida na cidade italiana que foi soterrada pelas cinzas vulcânicas do Monte Vesúvio em 79 d.C..
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