Lobo-marinho ataca cachalote-anão desorientado no porto da Baía de Hout, África do Sul

Em 2020, imagens de vídeo capturaram a cena incrivelmente rara e angustiante de um lobo-marinho-sul-africano (Arctocephalus pusillus) atacando uma baleia desorientada que nadava no porto da Baía de Hout, no Cabo Ocidental da África do Sul. O vídeo termina tragicamente com o raríssimo cachalote-anão (Kogia sima), mais ou menos com o tamanho de um golfinho liberando uma nuvem de tinta para se livrar do poderoso lobo-marinho.

O cachalote-anão é uma das três espécies de baleias denominadas cachalotes, que foram observadas raríssimas vezes e o pouco que se sabe sobre estes animais tem origem no estudo de espécimes trazidos pelo mar até às costas.

Estranhamente muitas dessas baleias encalhadas morreram de infestações parasitárias ou insuficiência cardíaca, possivelmente resultado do estresse desencadeado por estarem perdidas em águas rasas.

O poderoso lobo-marinho-sul-africano lançou-se no cachalote depois de tomar conhecimento da sua angústia. A baleia se perdeu em águas rasas onde seu sonar localizador de direção não estava funcionando, pois precisa de águas profundas para que isso aconteça.

A baleia de 2 metros de comprimento é mostrada no vídeo nadando a toda velocidade em um quebra-mar rochoso no porto da Baía de Hout, com a foca um pouco menor pendurada pelos dentes nas nadadeiras da cauda.

Embora a baleia esteja sangrando devido aos ferimentos na cabeça -ela tentou encalhar voluntariamente-, a enorme nuvem de líquido marrom avermelhado é na verdade tinta e não sangue. O cachalote-anão solta a nuvem de tinta do ânus, como um polvo, como mecanismo de defesa para confundir predadores quando é atacada, geralmente dando tempo para escapar.

Esta trágica baleia – que sofria de profunda angústia por estar desorientada na água rasa e estava gravemente ferida – tentou encalhar várias vezes.

O lobo-marinho-sul-africano, que é um dos muitos no porto, pensou que a baleia era uma refeição fácil ou que possivelmente era uma ameaça para ela ou seus filhotes.

Havia uma grande multidão assistindo enquanto o leão-marinho continuava perseguindo o cachalote. A maioria acreditava que se tratava de uma tubarão que tinha atacado o filhote do leão, que finalmente desistiu da perseguição e pouco depois a baleia encalhou nas rochas.

- "Estes animais precisam de águas profundas para que seus sistemas de sonar funcionem", disse Gregg Oelofse, gerente da equipe de gerenciamento costeiro da Cidade do Cabo. - "Quando eles entram em águas rasas, ficam angustiados e desorientados se estiverem em profundidades inferiores a 20 metros, e foi isso que aconteceu quando ele entrou no porto."

Gregg disse que o cachalote em pânico ficou muito estressado, e, com o leão perseguindo ele, nadou até as rochas e encalhou. Não havia nada que pudesse ser feito e a baleia foi sacrificada de acordo com o protocolo de mamíferos marinhos da Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais.

- "É sempre trágico quando isso tem que ser feito, mas não havia esperança neste caso", disse ele.

Cachalotes-anões raramente são vistos e mergulham a profundidades de várias centenas de metros. Os adultos medem em média 2,7 metros de comprimento e 250kg de peso. Comem peixes, polvos, lulas e crustáceos.

Não se sabe quantos cachalotes-anões existem, pois, além de serem pouco indistintos do cachalote-pigmeu, geralmente só são encontradas quando chegam à costa, e seus maiores predadores são a orca e o tubarão-branco.

Para escapar dos predadores, eles liberam uma nuvem de tinta avermelhada e marrom de seu ânus que pode se espalhar por 100 metros quadrados. A tinta cega os olhos e afeta o olfato de seus predadores.

O lobo-marinho-sul-africano alcança um tamanho semelhante às baleias-anãs e compartilha a mesma dieta. Ele também tem em comum os mesmo predadores.

O corpo do cachalote-anão, a menor espécie de baleia do mundo, foi levado para um laboratório marinho para fins de pesquisa.