Poucas coisas minúsculas são tão temidas quanto os carrapatos. Algumas espécies podem transmitir a doença de Lyme, enquanto uma mordida de outras pode torná-lo alérgico à carne vermelha (ou assim dizem). Embora você possa acreditar que precisa entrar em contato direto com um carrapato para ser suscetível a essas doenças, acontece que o pequeno e rude aracnídeo pode realmente cobrir um pouco de distância para fazer um banquete com o sangue de seu hospedeiro, causando infecções no processo. O segredo para isso? Eletricidade estática. |
Em um estudo publicado na Current Biology, os pesquisadores examinaram o carrapato-mamona (Ixodes ricinus), uma espécie comum na Europa que pode carregar vários microorganismos patogênicos e transmitir doenças aos humanos, entre as quais os que causam a anaplasmose granulocítica, a meningoencefalite do carrapato e a doença de Lyme.
As carraças desta espécie são desprovidos de olhos, tendo como principal sistema sensorial o órgão de Haller, um conjunto de quimiorreceptores e termorreceptores localizado em uma pequena cavidade na extremidade posterior (tarso) das patas dianteiras. Este órgão, característico do carrapato-mamona é essencial e mais funcional que os olhos na detecção do hospedeiro.
Quando os carrapatos foram posicionados perto de eletrodos, eles foram capazes de surfar na eletricidade estática e viajar uma fração de centímetros no ar, como um Michael "carrapato" Jordan voando em direção à cesta.
Embora possa não parecer uma distância considerável, em relação ao tamanho de um carrapato é uma conquista significativa. Sam England, um dos autores do estudo, disse que é o equivalente a humanos pular uns 10 lances de escada de uma só vez.
Os pesquisadores já sabiam que os carrapatos se penduram em folhas de grama com as pernas estendidas na esperança de fazer contato com um hospedeiro. A nova pesquisa confirma que os carrapatos realmente têm um pouco de espaço que podem atravessar, com a pequena quantidade de eletricidade estática necessária gerada por roupas ou peles.
A ação funciona vertical ou horizontalmente, ajudando os carrapatos a derrotar a gravidade em sua busca por uma refeição de sangue. A estática também permite que eles se acomodem sem cair muito rapidamente. É possível, observa o estudo, que pulgas e ácaros também possuam essa habilidade, embora ainda não tenha sido comprovado.
Embora esse novo método de transporte torne os carrapatos mais propensos a pegar carona em seu corpo, é um mito que eles pulem de árvores. É mais provável que alguém pegue um carrapato que está vagando pelo chão, embora eles certamente possam subir pelo seu corpo rapidamente.
Também é um mito que toda picada de carrapato vem com uma erupção cutânea "olho de boi" -esse é um sintoma da doença de Lyme, mas nem todos os casos resultam em erupção cutânea-. Se você estiver ao ar livre, onde os carrapatos costumam se esconder, é melhor usar calças compridas e enfiá-las nas meias. Também é bom manter as cores claras para ver melhor um caroneiro de cor escura. Também é possível usar sprays repelentes de insetos. Uma vez dentro de casa, verifique se há carrapatos e remova qualquer um que vir com uma pinça, antes que ele engode com seu sangue.
Se dias após o contato com um carrapato você notar que aparecerem sintomas como gripe forte -com febre, desânimo, dor no corpo-, falta de apetite ou manchas na pele, é necessário procurar um médico imediatamente e informar sobre o contato. É importante lembrar que as larvas e ninfas são os principais responsáveis pela transmissão da febre maculosa brasileira.
Se acaso você tem um quintal grande e já notou alguma vez uma infestação de carrapatos, poderia adquirir um casal de garnisés, que é uma importante forma de controle biológico. Galinhas são predadoras naturais de carrapatos e auxiliam no equilíbrio ecológico uma vez que se alimentam dos aracnídeos sem agredir o meio ambiente.
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