A Austrália é bem conhecida por seus animais perigosos, então é apropriado que também abriguem o caracol mais venenoso do mundo, o cone-geográfico (Conus Geographus). Com veneno potente o suficiente para matar humanos, o caracol cone-geográfico é o mais tóxico das 500 espécies conhecidas de caracol-cone. Com um padrão mosqueado contendo tons de rosa, vermelho, marrom e branco, o Geographus pode alcançar até 15 centímetros de comprimento com uma concha visivelmente mais larga do que a de outras espécies de caracol-cone. Imagine ser comido vivo!! Isso é exatamente o que acontece com a presa do cone-geográfico. |
O caracol usa um coquetel de moléculas bioativas conhecido como "cabala do nirvana para capturar pequenos peixes. O veneno é liberado na água, onde atordoa e retarda peixes, que são facilmente capturados usando uma estrutura especializada em forma de bolsa conhecida como "boca falsa, que é capaz de expandir até engolir totalmente a sua presa. O processo de digestão pode levar dias.
Embora os caracóis-cone sejam bem conhecidos por táticas de predação incomuns, o uso deliberado de insulina como veneno é inédito, dizem os cientistas que relataram a descoberta na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
- "Está bem estabelecido que altas doses de insulina são potencialmente muito perigosas e ponderamos se os caracóis poderiam estar explorando isso e usando a insulina como uma arma", disse o coautor do estudo, Samuel Robinson, da Universidade Monash, em Melbourne.
Acredita-se que o hormônio -que regula nosso nível de açúcar no sangue- torne os peixes lentos, algo como a letargia experimentada por pessoas diabéticas em choque hipoglicêmico.
- "Essencialmente, o caracol inunda o sistema do peixe com uma molécula de insulina muito semelhante à sua, causando uma queda maciça na glicose no sangue e colocando o peixe em coma, exatamente o que aconteceria a um ser humano se tomasse uma overdose de insulina", diz ele.
Em invertebrados, como o caracol-cone, a insulina está envolvida em uma miríade de tarefas, desde sinalização neuronal e memória até reprodução, crescimento e metabolismo. A variedade de insulina usada pelos caracóis-cone também foi uma surpresa, pois é a menor molécula de insulina conhecida já descoberta e pode oferecer informações sobre a estrutura e função das insulinas que são úteis para os seres humanos.
- "A insulina do veneno de cone-geográfico provavelmente tem apenas uma função ou objetivo, que é incapacitar a presa da forma mais eficiente e rápida possível. A insulina do veneno é provavelmente pequena porque não requer compostos, é apenas ajustada para atingir o receptor do peixe, para atingi-lo com força e rapidamente", diz Samuel.
- "As insulinas nos venenos de caracóis parecem ser adaptadas para alta potência e atividade rápida. Milhões de diabéticos em todo o mundo usam insulina como medicamento, e entender essas insulinas venenosas especializadas pode levar ao desenvolvimento de insulinas novas, aprimoradas e mais ajustadas", acrescenta Samuel.
O futuro dos medicamentos realmente parece repousar no fundo do mar junto aos caracóis-cone. O caracol cone-real (Conus regius), que vive nas águas cálidas do caribe, tem em sua boca uma tipo de arpão com o qual ataca suas vítimas injetando um veneno que poderia ser uma alternativa aos fármacos opioides.
Este é o caso do composto RgIA4, que pode ser sintetizado a partir da molécula do veneno do Conus regius. O peptídeo impede a transmissão dos sinais de dor por parte dos neurônios, e faz isso sem ter que usar os chamados receptores opioides da membrana das células nervosas que respondem à ação de opioides endógenos, criados pelo cérebro, mas também aos exógenos, aliviando no processo as dores mais intensas.
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