Com apenas 20 a 25 centímetros de altura, o gato-bravo-de-patas-negras (Felis nigripes) se assemelha a uma versão pequena do gato malhado comum da vizinhança. Mas embora o felino salpicado seja inequivocamente adorável, um assassino perverso e habilidoso está por trás de seu exterior encantador. Ele é, de fato, o menor gato da África. Para lhe dar uma perspectiva dessa estatística, ele tem pouco mais que 40 centímetros de comprimento e pesa entre 1 e 2 kg, cerca de 200 vezes menos que o leão típico. |
Efetivamente seu tamanho é inclusive menor que o de um gato doméstico e tal como acontece com muitos outros animais, as fêmeas são geralmente menores que os machos. Ainda assim, não se deixe enganar por sua estatura recatada, e sua cara redonda, que pode inspirar ternura. O gato-bravo-de-patas-negras é um carnívoro e caçador impiedoso que supera em muito a eficiência de alguns dos maiores e temidos felinos selvagens do planeta, capturando mais presas em uma única noite do que um leopardo em seis meses.
O pequeno felino, que mata uma média de 10 a 14 roedores ou pequenos pássaros todas as noites, tem um metabolismo acelerado que exige que ele cace quase sem parar. Em média ele mata uma presa a cada 50 minutos.
A taxa de eficiência deste pequeno "assassino" supera os 60%, enquanto o leão costuma pegar suas presas em apenas 20% das tentativas. Essas taxas de sucesso os tornam o gatinho mais mortal da Terra.
Para capturar suas presas, as criaturas recorrem a três técnicas diferentes: "caça rápida", ou pular pela grama alta e fumegar pássaros e roedores; "caça por espreita", quando demarca a toca de um roedor e ataca assim que ele aparece; e uma versão mais lenta da "caça rápida" que implica os gatos se aproximando sorrateiramente de suas vítimas.
Eles foram observados esperando silenciosamente com os olhos fechados fora de tocas de roedores. Seus olhos podem estar fechados, mas eles não estão dormindo. Todos os sentidos estão despertos e alertas apenas esperando pelo leve som ou movimento da presa emergente, que pode ser inclusive maior do que ele, como uma abetarda-de-couro-branco ou uma lebre-do-cabo. Neste caso, eles escondem parte do jantar para mais tarde, mas voltam a caçar.
As fêmeas atingem a maturidade sexual em cerca de 8 a 12 meses e permanecem no estro por apenas um ou dois dias de cada vez, durante os quais, em algumas horas, estão receptivas ao acasalamento. Elas podem ter duas ninhadas por ano, quando geralmente têm 2 filhotes. O gatinho pesa em torno de 70 gramas ao nascer, é cego e totalmente dependente de sua mãe.
O gatinho-bravo se desenvolve mais rapidamente do que os gatinhos domésticos. Eles precisam porque o ambiente em que vivem pode ser perigoso. Eles começam a andar por volta das duas semanas de idade. Com cerca de um mês de idade, começam a comer alimentos sólidos e são desmamados por volta dos dois meses. Eles nascem e são criados em uma toca usualmente cavada e abandonada por um porco-formigueiro (aardvark).
As mães geralmente mudam os gatinhos para novos locais depois que eles têm cerca de uma semana de idade. Eles são independentes quando têm quatro ou cinco meses de idade, mas podem permanecer no território da mãe por um tempo depois de se tornarem independentes.
Pouco se sabe sobre o comportamento e comunicação do sistema social desta espécie, por ser muito arisca e esquiva, mas como a maioria dos outros gatos pequenos, os gatos-bravos-de-patas-negras são solitários e se reúnem apenas para reprodução.
Eles são extremamente anti-sociais e não podem ser domesticados. Esses gatos raramente são vistos, fugirão e se protegerão ao menor indício de algo ou alguém vindo. Acredita-se que sua expectativa de vida varie entre 10 e 13 anos na natureza, mas em cativeiro nenhum viveu mais do que um ano para contar história, porque ele desenvolve problemas renais únicos que podem estar relacionados ao estresse ou à dieta.
Se um gato-bravo for encurralado, ele pode ser bastante feroz. Por causa desse comportamento, eles às vezes são chamados de miershooptier, que quando traduzido significa "tigres-de-formigueiro".
Algo que é diferente sobre o gato-bravo é que ele é um escalador medíocre e passam longe de árvores. A razão para isso é que seus corpos atarracados e caudas curtas tornam a escalada em árvores difícil para eles.
Alguns sites de curiosidades da vida selvagem alardeiam que o gato-bravo-de-patas-negras não bebe água, mas isso não corresponde a realidade. Devido ao meio árido em que vivem, eles podem sim obter toda a água de que precisam através de suas presas, mas bebem água avidamente quando encontram uma fonte.
As habilidades do gato-bravo foram apresentadas na minissérie da PBS Nature, "Super Cats". Ao contrário dos grandes felinos, o gato-bravo tende a desaparecer na grama alta da savana africana, dificultando o rastreamento de suas façanhas pela câmera. Felizmente, havia alguns gatos sul-africanos equipado com coleiras de rádio, permitindo que a equipe detectasse suas caçadas noturnas com a ajuda de uma câmera avançada sensível à luz.
O segmento em si se concentra em uma gata chamada Gyra. O narrador Fahrid Murray Abraham explica que a excelente visão noturna e audição do gato transformam quase tudo que se move em uma refeição em potencial.
No segmento, Gyra inicialmente persegue um gafanhoto, mas logo o abandona por uma presa mais forte: um gerbil-de-cauda-curta. Olhos abertos e costas levemente arqueadas, ela corre para frente e ataca. Para sua consternação, o gerbil escapa, deixando Gyra se esgueirar de volta para a posição de espreita. Logo, porém, seus ouvidos se animam e os olhos se dilatam em antecipação quando ela detecta uma nova refeição.
De volta ao movimento, ela dobra as pernas, ficando o mais baixo possível no chão antes de pular repentinamente para o modo de ataque. A câmera então se afasta para revelar um vislumbre de um pássaro moribundo, suas asas presas entre as poderosas mandíbulas de Gyra. Ela encontra o olhar da câmera de frente, olhos que não piscam brilhando na escuridão.
De acordo com a Lista Vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, o gato-bravo-de-patas-negras é "vulnerável" desde 2002, o que significa que corre um alto risco de extinção na natureza. Atualmente, a espécie é encontrada apenas em Botswana, Namíbia e África do Sul.
Ameaças conhecidas incluem métodos de controle indiscriminado de predadores, como envenenamento por iscas e armadilhas, destruição de habitat por sobrepastoreio, declínio das populações de lebres da África do Sul, predação intraguilda, doenças e práticas agrícolas inadequadas. Muitos gatos-bravos-de-patas-negras são mortos por cães pastores. A maioria das áreas protegidas pode ser muito pequena para conservar adequadamente subpopulações viáveis.
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