Quando se trata de viajar para algum lugar novo, você provavelmente espera encontrar um novo idioma, comer uma variedade de novos alimentos e experimentar um ambiente completamente diferente do que está acostumado. Uma das coisas que a gente não se preocupa antecipadamente é uma das que mais parecem variar: os banheiros. Banheiros, como os brasileiros os conhecem, não são a norma em todo o mundo. Até o próprio ato de sentar-se no trono de porcelana nem sempre é a norma: 15% da população mundial pratica a defecação a céu aberto, no popular, "caga no mato". |
Muitos países da Europa continental, incluindo Alemanha, Suécia e França, cobram dos visitantes pelo uso das instalações. O custo é pequeno -5 reais ou menos- por isso é sempre útil ter dinheiro trocado à mão. Se você não for obrigado a pagar pelo uso, ainda poderá ver um atendente trabalhando e uma jarra ou prato para as gorjetas.
Embora esse costume comum irrite muitos viajantes, a quantia serve para manter o espaço, mantê-lo limpo e estocado com papel higiênico e sabonete líquido.
Antes dos vasos sanitários semelhantes a tronos, que se tornaram populares no século 19, as pessoas usavam dependências, penicos ou simplesmente buracos no chão. Embora a maioria das pessoas associe latrinas (vaso turco) a países da Ásia, você também os encontrará em países subsaarianos, como o Quênia ou a Tanzânia, e até mesmo em certas partes da Europa, como a Rússia ou os Bálcãs.
Os próprios banheiros agachados podem ter algumas variações, mas o sentimento é o mesmo: há um buraco no chão e um lugar para descansar os pés de cada lado. Às vezes, eles são feitos de porcelana ou metal, e você terá a opção de dar descarga ou haverá um balde de água e um copo por perto para limpar a área quando terminar.
Os banheiros de estilo ocidental estão aparecendo com mais frequência nas grandes cidades asiáticas, devido a uma "revolução do banheiro". Desde 2015, a China gastou US$ 3 bilhões reformando 68.000 banheiros públicos em locais turísticos populares. Você também pode esperar ver banheiros agachados em Tóquio trocados por outros de alta tecnologia nas Olimpíadas de 2020.
O bidê foi inventado na França em 1600 e é usado para limpar o corpo depois de ir ao banheiro. Você os encontrará em lugares como Itália e Portugal, Japão, Argentina e Venezuela. Embora o bidê nunca tenha realmente pegado no Brasil, acredita-se que eles sejam menos perdulários e mais higiênicos do que o uso de papel higiênico.
Tradicionalmente, o acessório é separado do vaso sanitário como uma pequena bacia com controles de água, embora possa ser um pulverizador separado e uma mangueirinha bem ao lado do vaso sanitário, apelidado de "arma de fogo" na Tailândia. Se você tiver sorte, também poderá encontrá-los como um complemento ao banheiro, como acontece com alguns banheiros elaborados do Japão.
Muitos americanos não entendem o porque do cestinho do lado do vaso e alguns acreditam que seja destinada apenas para produtos de higiene feminina e lixo, sem se dar conta que papel higiênico usado também vai para lá. Isso se deve ao fato de que o americano descarta o papel higiênico no vaso sanitário.
Quando você se senta para ir ao banheiro e não tem papel higiênico, parece uma tremenda dor de cabeça. Mas em alguns países, incluindo a China e Índia, não é costume que os banheiros tenham papel higiênico, então as pessoas sempre carregam alguns deles ou usam o jarro e a bacia que fica do lado do vaso para limpar a bunda com a mão esquerda.
Os banheiros públicos são um grande problema que o primeiro-ministro Narendra Modi quer resolver, garantindo que todas as casas do país tenham um banheiro próprio e também quer aumentar o número de banheiros públicos. Construir mais banheiros não é a resposta, a Índia rural defeca em público há muito tempo e, para resolver esse problema, é preciso fazer com que a Índia rural entenda a importância de usar os banheiros.
Poucas coisas são mais vexaminosas do que você trilhar uma estrada rural e de repente ver alguém agachado se aliviando na beira da rua. Ver esse ato tão privado realizado em público desencadeia espasmos de repulsa.
De acordo com a política de desenvolvimento urbano, os sanitários devem estar ligados aos esgotos, mas apenas se os esgotos estiverem localizados nas proximidades. O governo prefere gastar com o que é visível, como banheiros, pois são visíveis, ao contrário da rede de esgoto que corre no subsolo. A limpeza não pode ser alcançada a menos que haja foco no que vai acontecer com os resíduos.
O fato de milhões de índios serem obrigados a defecar a céu aberto por falta de banheiros em suas casas deveria ser motivo de profunda mortificação para a nação. No entanto, algumas das reações à recente observação do ministro do Desenvolvimento Rural, Jairam Ramesh, de que a Índia precisa mais de banheiros do que de templos foram bizarras.
O comentário foi concebido como uma piada para fazer as pessoas pensarem. Se os indianos podem se reunir para arrecadar dinheiro para construir pequenos templos em todos os lugares -nas ruas, nas florestas, nas montanhas remotas- por que não podem se reunir para construir banheiros públicos?
Membros da organização Vishwa Hindu Parishad, que se entusiasma com a adoração da vaca e as maravilhosas propriedades do esterco e da urina da vaca, protestaram do lado de fora da casa de Jairam. Somente na Índia, com certeza, uma afirmação tão espetacularmente auto-evidente pode realmente encontrar dissidentes.
Por fim fica aqui também a reflexão acompanhada da questão? Para onde foram todos os banheiros públicos? Vimos que sobreviver a uma pandemia força as pessoas a concentrarem-se no básico: saúde, alimentação, abrigo, necessidade de afeição humana e ir ao banheiro.
Isso ficou evidente durante a Grande Escassez de Papel Higiênico de 2020, quando compradores em pânico esvaziaram as prateleiras das lojas nas primeiras semanas de quarentena. Que loucura foi aquela? À medida que os confinamentos continuavam, a pandemia revelou um problema diferente relacionado aos banheiros que antecedeu o novo coronavírus: uma terrível falta de banheiros públicos. Para falar a verdade eu nem saberia para onde correr se me batesse um aperto na cidade que moro, Joinville.
Embora as instalações em bares e estabelecimentos de varejo sejam frequentemente consideradas "públicas", as paralisações generalizadas serviram como um forte lembrete de que realmente não são, e que poucos banheiros genuinamente públicos permanecem nas cidades e as condições não são as melhores por causa dos próprios usuários, que picham portas e paredes, caguem, mijem e joguem papel no chão de propósito. Há quem roube sabonete, papel higiênico, também espelhos e até assentos dos vasos. A incivilidade, o desrespeito ao próximo e o vandalismo nos espaços públicos é um problema grave do brasileiro.
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