Por que o azeite virgem de oliva está tão caro?

Esta manhã, um caminhão carregado com azeite virgem extra foi assaltado e roubado de um lagar em Carcabuey, Córdoba, na Andaluzia espanhola. No total, armazenava nada menos que 50 mil quilos em dois tanques. Valor do preço de mercado? Cerca de 500 mil euros (2,7 milhões de reais), segundo a Associação Córdoba das Indústrias Moinhos. O acontecimento não é apenas anedótico, pois reflete muito bem a situação atual do preço do azeite e como este disparou nos últimos meses. Tornando-se, quase literalmente, ouro líquido, fazendo com que os próprios espanhóis busquem alternativas diretamente nas cooperativas.

A seca e uma época de colheita muito má fizeram com que a produção de azeite na Espanha, o maior produtor do mundo, caísse cerca de 50%. Como resultado, registrou-se um aumento de 15,4% no seu preço no último mês e meio, elevando a média de 8,16 para 9,42 euros por litro. Embora em algumas marcas o litro já ultrapasse os 12 euros. Isso já representa mais três euros do que antes do verão e o dobro do ano passado.

Perante estes preços, muitas famílias espanholas recorrem diretamente a cooperativas menores e até familiares em alguns cantos de Espanha para comprar o azeite mais barato. É preciso ter em conta que na Espanha existem mais de 1.000 lagares onde é possível comprar azeite online ou por telefone.

Como o mercado brasileiro é muito suscetível às variações externas no preço do azeite e como o segundo maior importador de azeite do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos, o preço médio do azeite virgem nos supermercados brasileiros também disparou. Em junho de 2021, um embalagem de meio litro custava em média 20 reais, subindo para 25 em 2022 e agora oscila entre 30 e 40. Muito caro!

Diferente dos espanhóis, não temos muitas alternativas a subida do preço deste produto essencial na cozinha. Na verdade, cada vez mais famílias reduzem o consumo ou optam por mudar para outros óleos e azeites mais baratos, como óleo de girassol, coco, soja ou colza. Também é bom ficar de olhos bem abertos, porque em tempos de crise aumentam as vendas de azeite adulterado no Brasil.

Se misturar óleo de soja com azeite de oliva já não fosse um grande sacrilégio legalizado no nosso país, em maio passado a Polícia Federal apreendeu um carregamento do produto que misturava óleos de soja e girassol e tinha acidez imprópria para consumo.

Em contrapartida é bom lembrar que, enquanto o azeite está super caro, o óleo de soja (para quem gosta) teve queda de preços de 37% no último ano, devido à safra recorde. Essa queda, por sua vez puxou para baixo também o preço dos óleos de milho, girassol e canola. Então esses produtos podem ser uma alternativa mais barata ao azeite nesse momento. Como não gosto de nenhum destes óleos, prefiro recorrer à banha.