O marabu-maior (Leptoptilos dubius) é extremamente raros em sua área de distribuição do norte da Índia à Indochina, mas isso nem sempre foi assim. No início do século 20, grandes populações reprodutoras de marabus eram comuns em todo o norte da Índia, Bangladesh, Nepal e sul do Vietnã. Ele é um membro da família das cegonhas ciconídeas. Estas aves necrófagas são mais frequentemente associadas a matadouros e locais de lixo perto de assentamentos humanos e eram anteriormente comuns nas ruas e telhados de Calcutá. Elas normalmente nidificam em grandes árvores e pináculos rochosos perto de assentamentos humanos. |
Uma vez encontrado amplamente no sul da Ásia e no sudeste da Ásia continental, o marabu-maior está agora restrito a uma área muito menor, com apenas três populações reprodutoras; duas na Índia, com a maior colônia em Assam, uma menor em torno de Bhagalpur; e outra população reprodutora no Camboja.
Estas cegonhas se dispersam amplamente após a época de reprodução. Elas tem um bico enorme em forma de cunha, cabeça careca e uma bolsa no pescoço distinta. A esquisita bolsa gular inflável pendente se conecta às passagens de ar e não ao trato digestivo. A função exata é desconhecida, mas não está envolvida no armazenamento de alimentos como às vezes se acreditava.
Como outras cegonhas, ela não possui músculos intrínsecos na siringe e produz sons principalmente pelo barulho do bico, embora sons baixos de grunhidos, mugidos ou rugidos sejam emitidos especialmente durante a nidificação e o acasalamento.
Por isso alguns especialistas acreditam que a bolsa pode desempenhar um papel nas vocalizações e comunicação da ave. Supostamente é através dela que o marabus emitem sons graves, o que é essencial para suas interações sociais e rituais de acasalamento. Esta característica única auxilia na atração de parceiros e na manutenção de sua presença em seus grupos sociais. De fato, na época de reprodução, a bolsa e o pescoço tornam-se laranja brilhante e a parte superior das coxas das pernas cinzentas fica avermelhada.
Outra característica esquisita do marabu é que normalmente ele tem as pernas cinzentas, mas frequentemente parecem pálidas devido à defecação regular nas pernas. Devido aos ambientes quentes, os marabus-maiores defecam nas pernas e a evaporação reduz a temperatura corporal -também conhecida como urohidrose-. Como resultado desse mecanismo de resfriamento, as pernas dessas aves costumam ficar manchadas de branco com ácido úrico.
Devido a sua grande envergadura, durante o dia, voa alto em térmicas junto com abutres com quem compartilha o hábito de necrofagia. Hoje alimentam-se principalmente de carniça, vísceras e lixo; no entanto, eles são oportunistas e às vezes atacam vertebrados.
Conhecido localmente como hargila, derivado das palavras assamesas "har", que significa osso, e "gila", que significa engolidor, portanto "engolidor de ossos porque seus estômagos podem digerir qualquer coisa, inclusive ossos.
Seu nome em inglês também é estranho: greater adjutant (ajudante-maior), derivado de seu andar rígido e com estilo "militar" ao caminhar no chão. Em alguns exércitos há uma patente chamada adjutant dada a um oficial que auxilia o comandante na administração da unidade, principalmente no gerenciamento de recursos humanos em uma unidade do exército.
O seguinte vídeo mostra como estas criaturas dividem o lixão com catadores em um dos maiores aterros sanitários da Ásia, o Boragaon, em Gauhati, no estado de Assam. Nas imagens você vai ver tanto marabus-menores (sem bolsa) como maiores (com). O lixão de Boragaon será transformado em parque. O processo já começou com a instalação de máquinas para processar os resíduos e a tarefa será concluída nos próximos 36 meses. E ainda que pareça contraintuitivo, esta não é uma boa notícia para os marabus.
Grandes números já viveram na Ásia, mas diminuíram, possivelmente devido à melhoria do saneamento), a ponto de estarem em perigo. A população total em 2012 foi estimada em cerca de apenas 1500 indivíduos. Por isso muitos consideram os marabus-maiores a cegonha mais ameaçada do mundo. Os programas de reprodução em cativeiro falharam até agora, mas os esforços para proteger os habitats naturais estão ativos. Infelizmente, a sua tendência para nidificar perto de assentamentos humanos pode ser fatal.
No início do século 20, diz-se que o tamanho da população dos marabus era de milhões, mas a partir de meados da década de 1980, a população começou a diminuir fortemente. As populações ainda estão em declínio e a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza lista os marabus como "ameaçados de extinção".
Acredita-se que o corte de grandes árvores de nidificação, a poluição dos sistemas de água doce e o declínio na eliminação de cadáveres humanos em lixeiras públicas contribuam para a rápida perda desta espécie. Em Assam, relatos recentes de doenças nesta espécie também parecem ser um fator que contribui para o seu declínio.
Os resultados de uma pesquisa com residentes de Assam revelaram que apenas 30% dos entrevistados sabiam que os marabus-maiores estão em perigo. Para piorar eles são considerados aves impuras e são abatidos sem uma causa aparente. Uma maior conscientização da comunidade sobre esta espécie única pode ajudar na sua recuperação.
Historicamente, os marabus procriavam durante a estação seca, aproveitando as presas abundantes constantemente presas pelo recuo dos níveis da água e eliminando os restos da megafauna agora extirpada. Hoje, os últimos marabus sobrevivem ao lado dos humanos, reunindo-se em lixões e nidificando colonialmente em aldeias rurais.
Como dizíamos, a maior parte da população restante do mundo vive ao redor da cidade de Guwahati e depende de um único depósito de lixo para se alimentar e de aldeias próximas para fazer ninhos. Como as colônias de nidificação do marabu ocorrem fora das áreas protegidas do estado em Assam, as iniciativas comunitárias de conservação são a única esperança para salvar a ave da extinção.
O documentário fantástico mostrado logo abaixo, realizado pelo Laboratório Cornell de Ornitologia, mostra como um fotógrafo da vida selvagem, Gerrit Vyn, viaja para a Índia com a intenção de documentar a cegonha mais rara do planeta, mas logo descobre uma heroína da conservação e seus esforços inspiradores para reunir uma comunidade para salvá-la.
Através dos esforços de uma notável líder conservacionista, Purnima Devi Barman, e do movimento que ela inspirou, as aves são agora protegidas, celebradas e estão aumentando seu número localmente. Apesar deste sucesso e do impulso para conservar as espécies, a existência do marabu-maior continua precária. Em colaboração com Purnima e a ONG Aaranyak, o laboratório Cornell coletou uma cobertura abrangente de vídeo de história natural do marabu para inspirar o apoio local e internacional à conservação da ave e às comunidades envolvidas. O curta "Hargila" é resultado desse trabalho.
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