Durante pelo menos 12.000 anos, as sociedades indígenas chamaram a bacia amazônica de lar, mas para os arqueólogos, encontrar evidências destas comunidades antigas é uma tarefa muitas vezes inibida pela densa floresta da região. Graças ao sensoriamento remoto LiDAR, ou tecnologia de detecção e alcance de luz, os pesquisadores Vinicius Peripato e Luiz Aragão, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, conduziram pesquisas que identificaram 24 terraplenagens anteriormente não documentadas. Publicando recentemente suas descobertas na Science, eles compartilham: |
- "Essas antigas sociedades indígenas tinham profundo conhecimento de movimentação de terras, dinâmica ribeirinha, enriquecimento do solo e ecologia vegetal e animal, o que lhes permitiu criar paisagens domesticadas que eram mais produtivas para os humanos", diz o estudo.
Com técnicas construtivas que visavam aplainar e aterrar um terreno, os povos indígenas criaram uma grande variedade de obras de terraplenagem -valas circulares, geoglifos, lagoas e poços-, principalmente entre 1.500 e 500 anos antes do presente, com funções sociais, cerimoniais e defensivas, segundo contam os pesquisadores.
Impressionantes fotografias aéreas tiradas à luz forte do final da tarde revelam formas geométricas monumentais na terra, muitas vezes vistas em aglomerados ou arranjos concêntricos.
Utilizando modelos de distribuição e comparando a abundância de sítios arqueológicos de grande escala em toda a área, os cientistas sugerem que entre 10.000 e 24.000 sítios permanecem por descobrir nos 6,7 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia.
Vinícius, Luiz e a sua equipe também descobriram evidências de espécies de árvores domesticadas, propondo que algumas das sociedades praticavam ativamente a silvicultura.
- "Esses legados arqueológicos podem desempenhar um papel nos debates atuais em torno dos direitos territoriais indígenas", dizem os pesquisadores. - "Eles servem como prova tangível da ocupação, do modo de vida e da relação de um ancestral com a floresta."
É provável que as florestas de copa fechada em toda a Amazônia contenham milhares de sítios arqueológicos não descobertos em torno dos quais as sociedades pré-colombianas modificaram ativamente a florestas, uma descoberta que abre oportunidades para uma melhor compreensão da magnitude da antiga influência humana na Amazônia e no seu estado atual.
Durante a era pré-colombiana, a Amazônia abrigava sociedades densas e complexas em toda a sua vasta área florestal. Essas antigas sociedades indígenas tinham profundo conhecimento de movimentação de terras, dinâmica ribeirinha, enriquecimento do solo e ecologia vegetal e animal, o que lhes permitiu criar paisagens domesticadas que eram mais produtivas para os humanos.
E Pedro Álvares Cabral achou mesmo que "descobriu" o Brasil em 1500. As estimativas da FUNAI é que o território brasileiro era habitado por 5 milhões de índios, que, em sua maioria, pertenciam às nações tupi e guarani. Havia ainda outras tribos menores e dispersas, que os próprios tupis chamavam genericamente de tapuias, que quer dizer falantes de outras línguas. Menos de um século depois mais de 80% desta população estava morta ou pela violência ou pelas doenças trazidas pelos colonizadores. Um verdadeiro genocídio.
Fotos: Diego Lourenço Gurgel.
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