Algumas aves ágeis, conhecidas como martins-pescadores ou guarda-rios, podem pegar seu alimento favorito, peixes, mergulhando de cabeça na água a velocidades de até 40 quilômetros por hora. Eles realizam essa manobra perigosa repetidas vezes, mas como fazem isso sem sofrer concussões? A resposta, dizem os cientistas, provavelmente está nos seus genes. Os martins-pescadores mergulhadores têm variações genéticas que podem estar ligadas às suas preferências alimentares e método de caça único, de acordo com um artigo publicado em outubro na revista Communications Biology sobre a assinatura genômica dessas aves. |
Nem todos os martins-pescadores se alimentam de peixes, alguns comem insetos, lagartos e até outros pássaros. E pesquisas anteriores descobriram que a preferência alimentar por peixes, e, portanto, o estilo de caça de mergulho, evoluiu de forma independente várias vezes, em vez de um ancestral comum.
Essa revelação foi como uma mina de ouro para os pesquisadores de genética, porque - "...se uma característica evolui de forma independente em vários momentos diferentes, isso significa que você tem o poder de encontrar uma explicação abrangente para o porquê disso", diz a coautora do estudo Shannon Hackett, curadora associada de pássaros no Museu Field em Chicago.
Utilizando espécimes congelados da coleção do museu, os pesquisadores sequenciaram o DNA de 30 espécies diferentes de martins-pescadores, incluindo alguns que comiam peixe e outros que não. Eles então compararam os códigos genéticos das aves para procurar variações que os martins-pescadores comedores de peixes pudessem compartilhar.
A equipe identificou vários genes modificados entre as aves mergulhadoras, incluindo alguns relacionados à dieta e à estrutura cerebral. Uma mutação especialmente interessante ocorreu no gene MAPT, que codifica proteínas chamadas tau.
Nos humanos, as proteínas tau são importantes porque ajudam a estabilizar as células do cérebro e apoiam o funcionamento saudável do cérebro. O acúmulo de tau em excesso, entretanto, pode ser uma coisa ruim: os médicos costumam observar um acúmulo de emaranhados de tau no cérebro de pacientes com Alzheimer. Tau também é uma marca registrada de concussões e lesões cerebrais traumáticas.
Os pesquisadores não têm certeza, mas suspeitam que o tau possa de alguma forma desempenhar um papel protetor no cérebro dos martins-pescadores que mergulham. Agora que sabem mais sobre as bases genéticas das aves, podem aprofundar-se ainda mais para compreender como essas variações atuam na sua fisiologia.
Das 84 espécies de martins-pescadores que existem no mundo, apenas cinco ocorrem no Brasil, sendo o martin-pescador-grande, ou matraca (Ceryle torquata) a espécie mais conhecida da família alcedinidae, não só pelo seu tamanho já que é a maior espécie desta família no Brasil, como por se comum e muito barulhento pois seu canto parece uma "matraca" estalando. Não é por acaso que a matraca seja uma espécie bem próxima da cucaburra.
Os pássaros, que muitas vezes parecem ter moicanos no topo da cabeça, esperam pacientemente nos galhos acima de riachos e outros corpos d'água. Quando avistam um peixe saboroso, mergulham de cabeça para agarrá-lo com seus bicos longos e pontudos.
Com mais investigação, os cientistas poderão aprender com os martins-pescadores e descobrir formas de proteger os cérebros humanos de concussões e outras lesões, mas qualquer inovação como esta ocorreria em um futuro distante.
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