Em diversos artigos sobre animais do MDig mostramos como os louva-a-deus são talvez os predadores mais distintos e temíveis do mundo dos insetos. Seus ataques em estilo de emboscada são comparáveis aos de leões e tigres. Mas, como revelou um estudo publicado em 2021, apesar do seu tamanho e ferocidade, os louva-a-deus não são páreo quando se trata de predar besouros-bombardeiros (Pheropsophus jessoensis. Por que? Como o próprio nome sugere, esses besouros têm um truque explosivo na manga, ou melhor, na bunda, que dispara um ácido cegador e doloroso. |
Shinji Sugiura, professor associado da Escola de Ciências Agrícolas da Universidade de Kobe, no Japão, estava bem ciente deste feito fisiológico quando concebeu uma experiência para colocar louva-a-deus contra besouros bombardeiros, inseto contra inseto.
- "Os besouros bombardeiros da tribo Brachinini armazenam hidroquinona e peróxido de hidrogênio separadamente em dois reservatórios no abdômen", conta ele no artigo que descreve seu experimento. - "Quando as soluções aquosas de hidroquinonas e peróxido de hidrogênio atingem a câmara de reação de cada reservatório, enzimas (catalisadores ) facilitam a oxidação das hidroquinonas e a decomposição do peróxido de hidrogênio. Uma reação explosiva ejeta os reagentes e a água fervente."
Mas será que esse coquetel químico ardente pode deter louva-a-deus imensamente maiores, blindados e vorazes? Para responder a essa pergunta, Shinji coletou 60 besouros-bomardeiros adultos e 60 louva-a-deus adultos de três espécies diferentes em pastagens e bordas de florestas na região de Kinki, no Japão.
Depois de deixar os louva-a-deus passarem fome por 24 horas para que ficassem com fome, ele colocou um louva-a-deus e um besouro em uma caixa de plástico transparente e observou o resultado. Invariavelmente, ao longo de trinta repetições com diferentes insetos, o louva-a-deus atacava o besouro, era "bombardeado", depois recuava e limpava as partes do corpo pulverizadas com produtos químicos quentes, como se estivesse cuidando de seus ferimentos. Nem uma única tentativa de predação de louva-a-deus foi bem-sucedida.
Em seguida, Shinji simulou “ataques” contra besouros com fórceps para fazer com que esgotassem sua defesa química, depois, um por um, enfrentou esses besouros "tratados" com um louva-a-deus. Desta vez, os resultados foram brutais. Nem um único besouro sobreviveu sem a sua "bomba". Os louva-a-deus devoraram suas refeições, deixando apenas algumas partes quebradas.
Como explicam na BBC Earth, o besouros-bombardeiro pode criar uma reação química dentro de seu corpo tão violenta que é capaz de expulsar mediante um jato quente de seu abdômen. Só o faz quando se sente ameaçado, seja durante um ataque, para dissuadir o predador de sua tentativa de devorá-lo, ou dentro do estômago do predador, para fazer que este o regurgite e o expulse.
A experiência de Shinji Sugiura foi feita em ambiente controlado de laboratório, mas não deixa de ser espetacular. No entanto o seriado Micro Monstros, que mostra que bem abaixo de nossos pés está um mundo secreto de disfarce e espionagem, redes sociais e namoro, estupro e pilhagem, paternidade e relacionamentos. Nele David Attenborough mostra como um louva-a-deus faz a escolha imprudente de enfrentar um besouro-bombardeiro na natureza, apenas para se deparar com uma surpresa desagradável.
No clipe ele também mostra como a larva da formiga-leão, provida de longas mandíbulas, se enterram no fundo de um funil cônico por elas construído na areia para capturar presas. Elas também são conhecidas pelos nomes de formigão, furão, joão-torrão, mirmeleão, piolho-de-urubu e tatuzinho. Apesar do nome vulgar, estes insetos não pertencem ao grupo das formigas senão que das libélulas.
Neste outro vídeoacima, os resultados demonstram claramente que a eficácia dos besouros-bombardeiros da espécie Calosoma auropunctatum são eficazes inclusive contra animais maiores com um mangusto, aspergindo ácido fórmico em seus narizes. Sem elas, os besouros-bombardeiros são banquetes ambulantes. Como estes insetos e animais partilham habitat em vários ecossistemas, é possível que estas interações predador-presa ocorram todos os dias na natureza. Então, novamente, também é possível que tanto os louva-a-deus quanto os mangustos evitem os besouros-bombardeiros, não querendo experimentar sua defesa explosiva.
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