Vasa, o navio de guerra que foi recuperado após quase 400 anos, precisa urgentemente de reforma

O navio de guerra real sueco Vasa, que deveria ser a nau capitânia da nova e poderosa frota naval do rei Adolfo Gustavo II, afundou com 400 pessoas no cais da baía de Estocolmo em sua viagem inaugural em 1628. Foi levantado do fundo do mar em 1961, preservado pelas águas geladas estava estranhamente em boas condições. Foi conservado por 27 anos no Estaleiro Wasa antes de se mudar para sua casa permanente no Museu Vasa, construído sob medida, em 1988. Desde então ele é um dos principais destinos turísticos da Suécia, atraindo mais de um milhão de visitantes por ano.

Agora, 395 anos depois de ter afundado pela primeira vez, o Vasa está afundando novamente. As escoras de aço que o sustentam desde 1964 são insuficientes para suportar o grande peso do navio e, pior que isso, o berço pressiona as frágeis madeiras, quebrando-as e deformando-as.

O Vasa é continuamente monitorado e medido para detectar quaisquer potenciais problemas de conservação, e os dados mostram que está afundando para baixo e para fora a uma taxa muito lenta, mas muito constante, de um milímetro por ano. Por mais gradual que seja a mudança, se for ininterrupta, a nave começará a desmoronar.

O Museu Vasa realizou uma ampla investigação para descobrir que tipo de pressões a estrutura de madeira o Vasa pode suportar, em parceria com pesquisadores da Universidade de Uppsala, da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, do Instituto Real de Tecnologia KTH e de outras instituições. Eles identificaram vários processos de decomposição que estão causando a deterioração da madeira muito mais rapidamente do que nas águas frias e salobras do Báltico. A resistência atual das madeiras do navio não é superior a 40% do nível do carvalho normal.

Em um estado tão enfraquecido, as madeiras são simplesmente incapazes de suportar o peso do navio reconstruído. Para fazer face a esta instabilidade estrutural fatal, a equipa do Museu Vasa está voltando à prancheta, redesenhando a estrutura de suporte começando com um novo sistema de suporte interno que assentará em um novo suporte externo.

A estrutura interna será uma estrutura de tubos que irá adicionar discretamente resistência à carga e fixar o navio na forma, evitando esse movimento constante para baixo e para fora. Os apoios externos serão racionalizados e reforçados e depois ligados à rede de apoio interna.

Este é um projeto absolutamente enorme e infelizmente não pode ser realizado sem fazer alterações no próprio navio. Partes do interior terão que ser removidas e armazenadas para dar lugar à nova estrutura interna. Novos furos terão que ser feitos no casco. Até o piso abaixo dele precisará ser reforçado.

- "É um grande trabalho. Já estamos pesquisando há quatro anos para ver como vamos fazer", disse o diretor do projeto Magnus Olofsson. - "Estamos trabalhando nos desenhos de construção há quatro anos e agora vamos iniciar a reforma, que também levará cerca de quatro anos."

Eles estão realizando operações de teste em modelos em escala real para garantir que seu plano funcionará. No entanto, não sabem exatamente quanto pesa a embarcação. Eles estimam que entre 900 e 1.000 toneladas.

Mas o projeto tem um custo substancial, que o museu autofinanciado apela aos doadores e patrocinadores. A diretora do museu, Jenny Lind, disse estar esperançosa de que o público sueco consiga arrecadar fundos para embarcar no "maior desafio" do navio desde o seu salvamento e conservação.

- "Quando o Vasa foi resgatado, toda a sociedade sueca se uniu e tornou possível salvar este navio. Não foi apenas o Estado, foram as empresas privadas, grandes atores da sociedade que ajudaram, mas também os particulares", disse ela. - "É por isso que estamos assumindo novamente e dizendo que precisamos de ajuda outra vez."

Os problemas de preservação do Vasa foram causados ​​em parte pelo seu berço de aço, que está instalado desde 1964. Magnus disse que estava colocando muita pressão no navio, criando rachaduras e deformações. Outro fator é a madeira, que está sendo decomposta quimicamente por dentro pela poluição que absorveu no mar.

Talvez o elemento mais desafiador do processo de renovação, que deverá começar no final do mês de março, seja que todo o trabalho precisa ser realizado mantendo o navio completamente imóvel. Eles também planejam fazer isso aos poucos, mantendo o museu aberto.