Uma pesquisa realizada por Martin Papworth para o National Trust mostrou que o gigante de Cerne Abbas foi esculpido na época anglo-saxônica e não, como a maioria das pessoas pensava, na pré-história ou mais recentemente, porém a razão pela qual isso foi feito permanece um mistério. Agora, Helen Gittos e Tom Morcom, acadêmicos da Universidade de Oxford, dedicaram-se a desvendar a história medieval e a arqueologia da região para entender por que essa figura foi esculpida na encosta do que hoje é uma pacata vila em Dorset, no sudoeste da Inglaterra. |
A sua pesquisa mostra que foi originalmente esculpido como uma imagem do herói clássico Hércules, como um ponto de encontro para os exércitos da Saxônia Ocidental em uma altura em que Dorset estava sendo atacada pelos exércitos vikings.
- "Tornou-se claro que o gigante de Cerne é apenas o mais visível de toda uma série de características medievais na paisagem", disse Helen Gittos, professora associada de história medieval na Universidade de Oxford.
Hércules foi um herói conhecido na Idade Média, reverenciado e insultado, que despertou especial interesse no século IX.
Pelo menos no século 10, Cerne era controlada pelos ealdormen das províncias ocidentais, os principais thegns do rei no sudoeste. A situação topográfica do Gigante, em um esporão que sobressai de uma cumeeira, com vistas deslumbrantes e proximidade de grandes vias de comunicação, é característica de um tipo especial de ponto de encontro anglo-saxônico.
Os ataques vikings nas proximidades, o acesso a muita água doce e suprimentos da propriedade local tornam este local ideal para reunir os exércitos da Saxônia Ocidental tendo como pano de fundo Hércules.
No século XI, os monges que adoravam no mosteiro no sopé da Colina do Gigante reinventaram-no como uma imagem do seu santo, Eadwold, referindo-se implicitamente ao Gigante nas lições que liam no seu dia de festa. Esta é uma das muitas formas como o gigante foi reinterpretado ao longo dos séculos: de Hércules a eremita.
A identidade do Gigante já era suscetível de reinterpretação. Os monges de Cerne não teriam representado o seu santo padroeiro nu se o tivessem esculpido do zero, mas não tiveram problemas em cooptá-lo como uma imagem de Eadwold de Cerne para os seus próprios fins.
O gigante é amado e cuidado há muito tempo e essas reidentificações continuam até hoje, disse Tom Morcom, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Oslo. No entanto, em setembro do ano passado um grupo de manifestantes wokes queria proibir a famosa escultura do gigante de uma capa de revista, alegando que é um símbolo de "masculinidade tóxica".
A imagem da escultura do morro é usada na capa da publicação Giant Dongle, produzida pela filial da Campanha pela Real Ale (Camra), uma organização independente, voluntária que propaga uma campanha em prol da cerveja real ale.
A filial da revista em West Dorset tem 13 anos e distribuição trimestral de 2.500 exemplares. O representante de publicidade da Camra, John Galpin disse, que isso é uma masculinidade imatura".
- "Isso passa a mensagem de que os membros da Camra são meninos que fazem piadas sobre pênis", disse ele. - "Qualquer mulher que veja isso pode ser desculpada por pensar que a Camra está cheia de homens balançando o pênis enquanto bebem cerveja."
A história da "masculinidade tóxica" do gigante rendeu discussões acaloradas e também muita crítica e escárnio, porque em 13 anos nenhuma objeção foi levantada em relação ao seu nome e logotipo.
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