O dole (Cuon alpinus), também conhecido como cão-selvagem-indiano, cão-selvagem-asiático, cão-vermelho e cão-sibilador é um canídeo nativo da Ásia Central, Sul, Leste e Sudeste Asiático. É mais ou menos do tamanho de um pastor alemão, mas parece mais uma raposa de pernas longas. É geneticamente próximo das espécies do gênero Canis e mais ainda do Lycaon, mas distinto em vários aspectos anatômicos: seu crânio é convexo em vez de côncavo no perfil, não possui um terceiro molar inferior e os molares superiores possuem apenas uma única cúspide em oposição a entre duas e quatro. |
Isso faz com que ele tenha uma mandíbula relativamente mais curta do que seus equivalentes caninos. Além disso, as fêmeas têm mais tetas do que outras espécies de canídeos e podem produzir até 12 filhotes por ninhada, menos apenas que uma leitoa que pode ter até 18.
Durante o Pleistoceno, o dole se espalhava por toda a Ásia, Europa e América do Norte, mas ficou restrito à sua distribuição histórica de 12.000 a 18.000 anos atrás. Hoje vivem principalmente em populações fragmentadas no sul e no leste da Ásia e podem se adaptar a muitas paisagens diferentes, incluindo florestas, matagais e estepes de altas montanhas. Eles se escondem no subsolo, às vezes reaproveitando velhas tocas deixadas por hienas ou outros animais.
Os caninos são muito sociáveis, vivendo em matilhas de vários tamanhos. Um estudo sobre o tamanho das matilhas na Índia, que tem a maior população de doles, relatou que as matilhas de dole eram menores, cerca de seis indivíduos, onde os tigres eram mais abundantes, e maiores, cerca de 20 animais, onde havia menos tigres. Isso sugere que a competição com tigres por presas mantém os grupos de dole menores.
Doles são hipercarnívoros, o que significa que sua dieta consiste em pelo menos 70% de carne, incluindo espécies diversas como íbex e lebre. Eles são também a espécie com a mais alta taxa de sucesso na caçada, acima até mesmo dos mabecos, com 90%.
Antes de embarcar em uma caçada, os clãs passam por elaborados rituais sociais pré-caça que envolvem acariciar, esfregar o corpo e montar um ao outro. Existe um costume curioso praticado geralmente pelos machos nesses momento: levantar uma perna traseira ou ambas, resultando em parada de mão para urinar. Os biólogos não sabem bem ao certo o motivo da micção em pino, particularmente, porque os doles não utilizam a urina para marcar território, mas muitos anu=imaius usam a parada de mão na micção para enganar outros animais e fazê-los pensar que são maiores.
Como caçadores cooperativos, grupos de quatro a sete doles se separam da matilha para caçar juntos. Para manter contato durante a caça, os cães utilizam um repertório de vocalizações que inclui latidos, guinchos e rosnados. Chama a atenção uma espécie de assobio que eles utilizam para mostrar a seu companheiro exatamente onde está.
O cão-selvagem-asiático é considerado por muitos um assassino cruel devido a forma como mata suas presas. Diferente da maioria dos outros canídeos, o dole raramente mata mordendo o pescoço da presa. Os grandes mamíferos são atacados pelas costas, enquanto os menores são pegos por qualquer parte do corpo. Os pequenos são mortos por uma rápida mordida na cabeça e os grandes são estripados vivos depois de ficarem cegos. As presas maiores raramente morrem do ataque, mas sim pelo sangue perdido e pelo choque sofrido enquanto seus intestinos, cabeça, fígado e olhos são devorados.
Os cães-vermelhos não praticam o antagonismo na hora de dividir uma presa, mas competem pela rapidez com que podem comer. Um animal adulto pode comer mais de 4 kg de carne em uma hora. Dois ou três animais podem matar um cervo de 50 Kg e em menos de 2 minutos eles começam a comê-lo antes de morto.
Geralmente há um casal reprodutor dominante e monogâmico em uma matilha. Nos casos com mais de um casal reprodutor, as fêmeas fazem tocas e criam os filhotes juntas. O resto da matilha não procria, mas apóia o casal dominante e seus filhotes, trazendo-lhes comida e ficando para trás com os filhotes enquanto outros caçam.
As fêmeas entram em cio entre dezembro e janeiro, momento em que o casal dominante vocaliza e persegue um ao outro antes do acasalamento. A gestação dura dois meses e as fêmeas produzem ninhadas de quatro a 12 filhotes.
Os doles criam seus filhotes em tocas, amamentando os filhotes por seis meses enquanto o clã leva comida para as mães. Os filhotes saem da toca aos três meses já começam a caçar aos sete meses. Eles atingem a maturidade sexual depois de completarem um ano de idade e começam a procriar aos dois ou três anos de idade, quando em geral são expulsos da matilha evitando naturalmente a endogamia.
Os doles são considerados ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza, com apenas entre 949 e 2.215 adultos na natureza. Eles estão extintos em 75% de sua área de distribuição histórica e as populações restantes estão isoladas em bolsões de terras protegidas ou não desenvolvidas.
Dado que estes carnívoros necessitam de uma grande área de vida para caçar e misturar-se com outras populações, são mais ameaçados pelo desenvolvimento humano que os isola ainda mais, como as plantações de borracha e palmeiras e o desenvolvimento de infra-estruturas.
A intensa caça humana de presas do dole, como javalis, diminuiu a base alimentar dos carnívoros em muitos lugares. Quando se deparam com assentamentos humanos, os doles podem arrasar galinheiros e animais domésticos. Por isso os agricultores e donos de gado não pensam duas vezes para matar doles, seja com tiros, envenenamento e armadilhas.
Uma amostra de fezes fresca coletada em 2022 no Quirguistão pertencia a um dole, uma descoberta surpreendente que ocorreu a mais de 960 quilômetros ao norte da área de distribuição habitual do cão. Esta descoberta -o registro conhecido de doles mais a norte- pode significar que existem populações desconhecidas de caninos por aí.
Os conservacionistas também estão abraçando projetos educativos e comunitários locais para promover a coexistência com os doles. No Nepal, os cientistas trabalham com a população local para reduzir a caça furtiva e os conflitos.
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