Hoje podemos ver o nosso presente em 4K nítido, com cor e som. Há três gerações, o mundo era preto e branco. Mais uma geração e veremos o mundo muito provavelmente através de fotografias 3D. Mais atrás, pinturas e textos tornam-se nossa principal forma de vivenciar o passado. Apenas 20 gerações antes de nós, todas as palavras escritas tinham de ser copiadas à mão e os relatos são mais escassos e menos fiáveis. O primeiro historiador viveu há apenas 100 gerações. Antes dele, existem apenas épicos, lendas e reis mortos se gabando em pedaços de pedra. |
Os historiadores pensam atualmente que os humanos anatomicamente modernos existem entre 200.000 e 300.000 dos 4,5 mil milhões de anos do planeta. E embora 200.000 anos sejam mesmo uma fração muito pequena da história do planeta, ainda é muito tempo! Para contextualizar, 200.000 anos representariam pelo menos 6.000 gerações de seus ancestrais -seus avós estão a apenas 2 gerações de você-. 200.000 anos também são quase 1.000 vezes mais tempo que o Brasil é um país. É 100 vezes mais distante no passado do que a época de Jesus e do Império Romano.
É também 40 vezes mais distante no passado do que os primeiros registros escritos que encontramos. Pense na extensão do que deve ter acontecido durante esse período: aventuras, tristezas, mudanças ambientais e a ascensão e queda de civilizações. Como historiadores, temos o privilégio de explorar esta vasta extensão da experiência humana.
Nossa principal ferramenta como historiadores é o que foi escrito por aqueles que vieram antes de nós. Na verdade, é isso que define formalmente a história e às vezes a diferencia da arqueologia e da antropologia. Por exemplo, os registros escritos mais antigos que os arqueólogos descobriram no Egito datam de há mais de 5.000 anos; a data em que foram criados é a data atualmente aceita em que a história formal -em oposição à "pré-história"- começa naquela parte do mundo. É claro que um dia poderemos encontrar registros mais antigos!
Mesmo com registros escritos, porém, temos que ser cuidadosos e ponderados. A escrita pode estar em uma língua morta sobre a qual sabemos pouco. Se uma tribo conquistar outra, poderemos apenas obter a história tendenciosa e unilateral daqueles que venceram e escreveram sobre ela.
Muitas vezes, as narrativas só são escritas depois de gerações sendo transmitidas oralmente, por meio da fala, com cada transmissor da história mudando consciente ou inconscientemente as especificidades. Mesmo para eventos que aconteceram ontem, dois observadores diretos poderiam ter duas percepções completamente diferentes do que aconteceu, como e porquê.
Você pode imaginar que as coisas ficam ainda mais difíceis para a pré-história ou para os eventos que ocorreram antes da existência de registros escritos. Mas ainda temos muitas ferramentas. Os arqueólogos podem escavar estruturas antigas e cemitérios e começar a inferir como as pessoas viviam a partir de fósseis -como restos humanos- e artefatos -itens feitos pelo homem-. Os arqueólogos podem estimar a idade dos fósseis e artefatos através de diversas técnicas.
A datação por carbono mede a quantidade de carbono radioativo nos fósseis para colocá-los no tempo. A idade também pode ser determinada identificando-se a idade da camada de rocha onde os artefatos estão enterrados. Isso é chamado de datação estratigráfica.
Os linguistas muitas vezes conseguem reunir possíveis migrações e conexões humanas com base em semelhanças em línguas vivas e modernas. Da mesma forma, os geneticistas podem descobrir como a humanidade pode ter se espalhado e se misturado com base nas semelhanças e diferenças genéticas nas populações atuais.
Ao juntar todas essas peças, podemos construir narrativas surpreendentemente ricas do passado distante. Mas nunca devemos permitir que as ferramentas e o conhecimento que possuímos nos tornem excessivamente confiantes. Afinal, cada evidência histórica precisa ser lida atentamente, obtida, interpretada, contextualizada e comparada com outras fontes disponíveis. Esses tipos de pensamento e questionamento constituem o kit de ferramentas dos historiadores.
Ainda hoje, só conseguimos juntar um pequeno fragmento de tudo o que aconteceu. E muito desse entendimento pode muito bem estar errado porque é inevitavelmente parcial e incompleto. Muitas coisas que os historiadores consideram hoje como um dado adquirido serão questionadas por futuros historiadores armados com novas ferramentas e novas evidências.
Em "Quando o tempo se tornou história: a era humana", a equipe do canal do Youtube "Kurzgesagt – In a Nutshell" explora o que resta do nosso passado, a maior transição da história da humanidade, e passo a passo, como chegamos onde estamos agora.
>i> - "Pela quinta vez, apresentamos a vocês o Calendário da Era Humana para o ano 12.021", escreve Kurzgesagt, desta vez é tudo sobre a jornada da humanidade, começando há dezenas de milhares de anos, levando à revolução da agricultura, às altas civilizações antigas e ao início dos tempos modernos, culminando em uma visão para o nosso futuro. "
E com base nesses pouco dados históricos podemos inferir que os próximos 100 anos serão os mais importantes da história da humanidade. A tecnologia avança exponencialmente. Olhando apenas para os últimos 100 anos, avançamos mais do que antes seriam 5000 anos. Existem pessoas vivas agora que cresceram sem celular, computador, internet, etc. Em nenhum outro momento da história da humanidade ocorreram mudanças tão dramáticas nas experiências geracionais.
A tecnologia só continuará a avançar, pelo menos, ao ritmo que já está avançando, mas provavelmente ainda mais rápido. Com tudo o que está acontecendo no mundo hoje, acabei de perceber que os próximos 100 anos serão vitais para o nosso futuro como humanos. Mas infelizmente as pessoas agem como se a guerra fosse o único fator que determina a crueldade de uma sociedade. Parece que hoje em dia na Internet, especialmente o ódio gratuito, está no auge.
Para piorar, se levarmos em conta que tiranos, moloides e covardes tem hoje a possibilidade de pressionar botões vermelhos, não seria disparatado pensar que algo acabará acontecendo e acabaremos sendo enviados para a Idade das Trevas novamente, com toneladas de pessoas morrendo em todo o mundo. Ou isso ou chegamos a um ponto em que uma tecnologia nos impeça de cometer tais burradas.
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