No extremo leste da ilha japonesa de Shikoku, há uma vila montanhosa conhecida como Nagoro prestes a desaparecer. Tal como muitas outras cidades pequenas em todo o Japão, a sua população vem diminuindo todos os anos, com pessoas falecendo ou migrando para as grandes cidades em busca de uma vida melhor. Para combater a solidão, uma mulher mais velha chamada Ayano Tsukimi criou centenas de kakashis (espantalhos) para repovoar a área, dando a Nagoro o apelido de "Aldeia das Bonecas". |
Essas bonecas em tamanho real são feitas de palha, jornal e roupas velhas. Embora sejam bastante detalhados, foram suas colocações em toda a vila que chamaram a atenção mundial. Ayano os posiciona pela cidade em poses realistas, sejam eles fazendo reparos, estudando muito na escola, esperando o ônibus ou simplesmente relaxando após um dia de trabalho. Se você passasse rapidamente, poderia facilmente confundi-los com pessoas reais.
O projeto de Tsukimi começou em 2002. Depois de passar parte de sua vida em Osaka, ela voltou para Nagoro. Para proteger um campo de pragas, ela fez seu primeiro espantalho: um boneco gigante parecido com seu pai. Depois que sua criação chamou a atenção dos vizinhos, ela decidiu fazer mais para homenagear aqueles que partiram ou morreram. É por isso que cada boneco tem um nome e sua personalidade, idade e história estão catalogadas.
Embora Nagoro seja o lar de cerca de duas dúzias de residentes, agora tem mais de 300 bonecos. Os kakashis inspiraram visitantes de todo o mundo a viajar durante várias horas pelas estradas sinuosas do Vale Iya para vislumbrar este lugar único, depois que o cineasta Fritz Schumann lançou um pequeno documentário sobre Ayano e Nagoro.
As bonecas ainda têm sua própria festa no primeiro domingo de outubro de cada ano. Para alegria de Ayano, muitos visitantes estão ansiosos para dar uma olhada em sua oficina.
Fritz disse que havia guardado em suas lembranças a notícia de uma senhora que fabricava bonecos e os espalhava pelo vilarejo. Quando morou no Japão em 2009, ele leu pela primeira vez em um blog sobre a história de Ayano e resolveu ir pra lá.
Uma de suas motivações para visitar o vilarejo e fazer o documentário, foi sua própria avó, com mais de 80 anos que falava constantemente sobre a morte e já tinha visto muito de seus amigos e familiares passarem para o outro plano, por isso, resolveu conversar com Ayano para entender o sentimento de sua avó.
Ayano voltou para Nagoro para ficar perto de sua mãe, hoje já falecida. Ela ainda tem marido e filha que vivem em Osaka. De tempos em tempos ela visita sua família, mas prefere ficar em Nagoro cultivando seu jardim e sua horta, mantendo uma vida sustentável e criando seus bonecos.
Ela diz não temer a morte ou pensar sobre o assunto, mesmo com o hospital mais próximo ficando a 90 minutos de distância. Afirma que viverá eternamente através de sua boneca inspirada em seus traços.
Se você estiver no Japão e quiser visitar este lugar peculiar, a agência de viagens local Shikoku Tours sugere pegar um táxi, já que o lugar é tão remoto e pequeno que é fácil passar despercebido. No caminho até lá, é provável que você veja mais desses bonecos nas aldeias cada vez menores. Desde que os kakashis alcançaram o status de forma de arte local, a área se tornou uma espécie de atração turística e agora está repleta de vida.
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