Em 2019 contamos a história das cabras invasoras na Ilhas de Galápagos. Esses herbívoros enganosamente inofensivos devoraram toda a vegetação disponível, incluindo algumas das plantas mais raras do mundo, e competiram com espécies nativas pelos recursos escassos da ilha. Enquanto as cabras varriam tudo o que encontravam nas ilhas, as tartarugas-gigantes começaram a desaparecer e quase foram levadas a extinção. Um projeto bem-sucedido chamado Isabela precisou de 7 anos para eliminar mais de 140.000 cabras de meio milhão de hectares de terra a um custo de mais de 10 milhões de dólares. |
As ideias românticas de piratas deixando cabras e porcos em ilhas tropicais para se alimentarem e depois transformá-los em rações de emergência condenaram muitas ilhas tropicais em todo o mundo. O problema de introduzir cabras em uma ilha é que estes animais naturalmente dóceis e fofinho se tornam semi-selvagens e condenam a ilha inteira e suas árvores.
Ilhas densamente florestadas são desnudadas inteiramente por cabras, que não só comem toda a folhagem do solo, mas também as mudas e sobem nas árvores para comer a folhagem, quando estão com fome. Elas também comem ovos de pássaros selvagens e cortam a grama até que não haja cobertura. Por isso não é incomum que algumas prefeituras utilizem cabras para "cortar" a grama de jardins urbanos.
Outro problema de deixar cabras vivendo a esmo é seu período de prenhez relativamente curto, de 150 dias, que pode gerar por ano de 3 a 4 filhotes. 10 cabras soltas em uma ilha, sem nenhum controle, no fim de um ano podem se tornar 50.
Isso aconteceu recentemente na remota ilha italiana de Alicudi, perto da Sicília, onde os residentes estão tentando lidar com o problema de superpopulação de cabras. E como não querem sacrificá-las a única solução pode ser dá-las a quem quiser.
Um censo recente demonstrou que a população de cabras na ilha aumentou de seis a oito vezes, passando de modestas 50 cabras para cerca de 800. A população humana é de apenas 100. Antes ociosas no topo das falésias montanhosas da ilha, os ungulados estão agora migrando para a área povoada. Os moradores descobriram que os animais são co-habitantes pobres, pois têm tendência a devastar a vegetação e destruir propriedades.
As cabras também não se importam com limites. Alguns moradores encontram os animais dentro de casa ou em cima do telhado. Os proprietários de estabelecimentos devem expulsar as cabras das lojas ou instalar grades para que não entrem. Com apenas 8 quilômetros quadrados, a ilha simplesmente não é grande o suficiente para todos.
O prefeito de Alicudi, Riccardo Gullo, propôs que as cabras sejam doadas gratuitamente, em vez de tentar a horrível tarefa de sacrificá-las.
- "Qualquer pessoa pode solicitar uma cabra, desde agricultores até pessoas que pretendam domesticá-la", disse ele.
O problema é que a localização e o terreno de Alicudi dificultam a recolha das cabras e podem limitar os interessados que não conseguem entender a logística. Demora duas a três horas para chegar de barco da Sicília. Se alguém adotar uma cabra, terá 15 dias para atraí-la para fora das falésias e levá-la para um barco.
O prefeito também promete aos potenciais interessados que os animais serão examinados por um veterinário. Porém, nem todas as cabras precisarão ser realocadas. Riccardo pretende manter algumas para agradar os turistas.
Antes da crise das cabras, Alicudi talvez fosse mais conhecida por ter sido o lar de padeiros que criaram inadvertidamente pães alucinógenos com ergot, um fungo psicoativo que pode provocar efeitos semelhantes aos do LSD. Lendas locais que datam de centenas de anos falam de pessoas vendo fantasmas, transformando-se em burros e outras viagens ruins.
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